Balanço do Rádio do RS em 2024
Alguns apontamentos para recordar
a história do rádio no estado
Luiz Artur Ferraretto
2024 foi o ano do centenário da primeira transmissão de rádio do Rio Grande do Sul. No entanto, quase nenhuma emissora lembrou da Rádio Sociedade Rio-grandense, a entidade que operou a pioneira estação do estado. 2024 foi, também, o ano em que o rádio comercial completou nove décadas de existência no Rio Grande do Sul. Afinal, em 1934, entrou no ar a Difusora Porto-alegrense. Apenas a Band, sua herdeira direta, comemorou a data. Agora, o que não passou despercebido por ninguém - nem poderia - foi a enchente dos meses de maio e junho. Se o rádio foi pequeno em relação a si próprio, tornou-se enorme - gigante até - no acompanhamento da maior tragédia climática da história gaúcha. Relatou os fatos. Prestou serviços. Cobrou competência de autoridades incompetentes. Fez história, vivendo o seu maior momento até agora neste século 21.
O ACOMPANHAMENTO DA ENCHENTE
Iniciada
em 27 de abril de 2024, quando as chuvas começaram no interior, a maior
tragédia climática da história do Rio Grande do Sul teve no rádio um dos seus
principais canais de informação, repetindo em proporções consideravelmente
ampliadas o ocorrido em outra enchente, a de 1941. A falta de energia elétrica,
as dificuldades de acesso à internet e o isolamento das pessoas tornaram
essenciais os receptores transistorizados à pilha. O meio compensou, inclusive,
a ausência de articulação entre os governos federal, estadual e municipais para
o enfrentamento da crise e para a comunicação de alertas e de medidas tomadas.
Emissoras de todos os tipos acompanharam a tragédia na primeira grande
cobertura com o vídeo sendo usado como recurso habitual. Do estúdio ou na linha
de frente... Na estrutura habitual das rádios ou com essas cobertas pela
água... Com equipamentos de proteção individual ou não... A pé, de carro, de
barco, de helicóptero... Na capital ou no interior... Cobrando soluções das
autoridades... Combatendo a desinformação... Arrecadando doações e divulgando
campanhas de apoio... Auxiliando o público... Notícia e emoção andaram de mãos
dadas.
Um resumo do trabalho de diversas emissoras (maio e junho de 2024)
A BAND MUDA DE CASA
Em janeiro, a Band começou a deixar o Morro
Santo Antônio, transferindo-se para o Parque Científico e
Tecnológico da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, espaço
mais conhecido como Tecnopuc. O grupo paulista começou a se
reposicionar no mercado. Para o esporte, contratou Silvio Benfica e, mais
tarde, Carlos Guimarães. Promoveu a volta de Glademir Menezes, o Gaiola, ao
rádio, ele que é um dos principais técnicos de áudio do Rio Grande do Sul.
Também abriu duas vagas para repórteres e quatro para estagiários no
jornalismo. A transferência completou-se em 11 de março.
Band Cidade (8 de março de 2024)
Band Cidade (11 de março de 2024)
A RÁDIO GAÚCHA NAS OLIMPÍADAS DE PARIS
Consolidada como a principal emissora de rádio do Rio Grande do Sul, a Gaúcha não se destacou apenas durante a cobertura da enchente. Mais uma vez acompanhou os Jogos Olímpicos. A cobertura integrada com outros veículos do Grupo RBS aproveitou, ainda, para destacar a vontade de reconstrução do estado após a tragédia provocada pelas chuvas e pela incompetência de muitas autoridades. E foi leve. A alegria dos esportes olímpicos se fez presente não só ao microfone, mas também nas redes sociais.
Postagem da equipe da Gaúcha no Instagram (19 de julho de 2024)
RODRIGO LOPES E A GUERRA ENTRE ISRAEL E O HEZBOLLAH
Se nos anos 1960 e 1970, o nome mais associado pelos gaúchos ao acompanhamento de guerras - em especial as no Oriente Médio - era o de Flávio Alcaraz Gomes, da Guaíba e dos jornais da Caldas Júnior, na atualidade, esse posto pertence a Rodrigo Lopes, da Gaúcha e de outros veículos do Grupo RBS. O jornalista esteve em diversas frentes, mas, sem dúvida, a sua cobertura mais impactante em 2024 foi a do conflito entre Israel e o Hezbollah.
Gaúcha Atualidade (2 de outubro de 2024)
ANDRESSA XAVIER E A ELEIÇÃO DE DONALD TRUMP NOS ESTADOS UNIDOS
Jornalista que mais se destacou na cobertura das enchentes de 2024, Andressa Xavier, além de se dividir entre a gestão da emissora e a ancoragem do Gaúcha Atualidade, acompanhou as eleições nos Estados Unidos, que levaram o ultradireitista Donald Trump de volta à Casa Branca.
Gaúcha Atualidade (6 de novembro de 2024)
OS 50 ANOS DE JORNALISMO E OS 40 DE GRUPO RBS DE ANTÔNIO CARLOS MACEDO
Não é para qualquer um. Ele comanda o programa mais ouvido do rádio do Rio Grande do Sul, o Gaúcha Hoje, além da edição das 11 horas do Chamada Geral. Em 2024, Antônio Carlos Macedo completou 50 anos de profissão e 40 de Grupo RBS. No dia em que decidir se aposentar, a manhã dos gaúchos nunca mais será a mesma. Referência em jornalismo, Macedo foi homenageado pelos seus colegas.
Homenagem a Antônio Carlos Macedo no Gaúcha Hoje (16 de julho de 2024)
A VALORIZAÇÃO DE TRÊS GRANDES PROFISSIONAIS DO RÁDIO MUSICAL
Nas redes sociais, o anúncio da contratação de três grandes profissionais de trajetória associada ao rádio musical agitou os ouvintes: Mauro Borba, na 102,3; Márcio Paz, na União; e Mauri Grando, na 92.
Mauro Borba e Alexandre Fetter (setembro de 2024)
Márcio Paz (outubro de 2024)
Mauri Grando (novembro de 2024)
OS 25 ANOS DA REDE MAISNOVA FM
Em 10 de março, a rede musical dos frades capuchinhos completou um quarto de século em 2024. É a maior em quantidade de emissoras do estado, com estações em Caxias do Sul (geradora), Garibaldi, Lagoa Vermelha, Marau, Passo Fundo, Pelotas, Sarandi, Soledade, Vacaria e Veranópolis.
Divulgação dos 25 anos da Maisnova FM (março de 2024)
NELSON SIROTSKY E OTÁVIO GADRET NO CANAL NOVA COONLINE
Em especial no segundo semestre, a compreensão a respeito do rádio e dos demais meios de comunicação foi facilitada por duas entrevistas promovida pelo canal de YouTube da Nova Coonline, um grupo de jornalistas liderado por José Antônio Vieira da Cunha, as com Nelson Sirotsky, do Grupo RBS, e com Otávio Gadret, da Rede Pampa de Comunicação.
As conversas com Sirotsky e Gadret no canal da Nova Coonline (2024)
UMA FEIRA DO LIVRO RADIOFÔNICA
A 60ª Feira do Livro de Porto Alegre ofereceu pelo menos quatro sessões de autógrafos relacionadas a profissionais de rádio e de jornalismo. Carlos Guimarães levou para o evento a completíssima biografia Ruy Carlos Ostermann, um encontro com o professor, contando detalhadamente a vida pessoal e profissional de um dos mais importantes comentaristas esportivos do país. Daniel Scola esteve presente com o seu Aluno da tempestade, um exemplo de luta e de vontade de viver. Haroldo de Souza comemorou os seus 50 anos de narração esportiva no rádio do Rio Grande do Sul com Adivinhe!. Os jornalistas do Grupo RBS André Malinoski, Marcelo Gonzatto e Rodrigo Lopes deixaram para a história A enchente de 24, um resumo do que viram - e viveram - durante a cobertura da maior tragédia climática do estado.
Os lançamentos relacionados a profissionais de rádio e de jornalismo (novembro de 2024)
EM MEMÓRIA DE GRANDES PROFISSIONAIS
Em
2024, o rádio e a comunicação lamentaram o falecimento de vários profissionais. Aqui,
alguns deles: frei Isaías Borghetti (5 de fevereiro), um dos pioneiros da
televisão no Rio Grande do Sul, na TV Difusora, de Porto Alegre, a primeira a
transmitir em cores, e religioso ligado às emissoras de rádio dos frades
capuchinhos; Juarez Malta (10 de fevereiro), um dos principais repórteres de
televisão do Rio Grande do Sul nas décadas de 1980 e 1990, tendo trabalhado
também na antiga Rádio Continental AM; Hélio Gama (27 de fevereiro), que, em
rádio, atuou, por exemplo, na Band AM, de Porto Alegre; Aurélio Decker (16
de março), com passagem por vários veículos do Vale do Rio dos Sinos, tendo
trabalhado, em rádio, na ABC; Marco Antônio Pereira (17 de março), um dos
principais narradores esportivos do Sul do país, com passagens pelas rádios
Band, Gaúcha, Grenal e Guaíba, de Porto Alegre, e Progresso, de Novo Hamburgo;
Sivaldo Sousa (18 de abril), apresentador e narrador esportivo da Delta e da
Difusora, de Bagé; Sezínio Luiz Portolan (24 de abril), empresário e diretor da
Spaço FM, de Bento Gonçalves; Paulo Totti (26 de abril), referência na imprensa
nacional e que, no rádio de Porto Alegre, trabalhou na Guaíba; Pedro Jacques
(11 de maio), profissional, no rádio, com passagem pela Difusora e Gaúcha; José
Eloi Lopes (21 de maio), técnico com passagens pelas rádios Educadora, Guaíba,
Princesa e da Universidade, além do estúdio da Faculdade de Biblioteconomia e
Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Norberto Xavier
Rosado Filho (22 de maio), que, nos últimos anos, atuava na Rádio Cultura
Riograndina; João Henrique Bianculli Gallo (10 de junho), sócio-diretor das
rádios Delta e Difusora, de Bagé; Luiz Braz (1º de julho), comunicador de rádio
popular; Xicão Tofani (5 de julho), comunicador da Rede Pampa, que atuou na
antiga Rádio Universal; Silvia do Canto (20 de agosto), ex-repórter das rádios
Gaúcha e Guaíba; Luiz Carlos Silveira
Martins, o Cacalo (24 de agosto), histórico dirigente do Grêmio Foot-ball
Portoalegrense, que foi um dos integrantes do programa Sala de Redação,
de 2001 a 2008; Julieta Amaral (26 de outubro), uma das primeiras mulheres
negras no telejornalismo gaúcho, com passagens pela RBS TV Rio Grande e pelas
rádios Cassino e Riograndina; José Aldair (28 de outubro), a voz da notícia da
Rádio Gaúcha de 1966 a 2004, como o principal noticiarista da emissora; Guto Agostini (19 de dezembro), com passagens por várias emissoras, em especial a Studio 93 FM, de Caxias do Sul, na década de 1990; e Newton Azambuja (27 de dezembro), repórter esportivo com passagens por emissoras como Gaúcha, Sucesso, Difusora, Bandeirantes e Guaíba.
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