A modernização da Gaúcha
2018
Luiz Artur Ferraretto
De 2008 a 2018, a Gaúcha passou por
intenso processo de modernização, adaptando a emissora à nova realidade imposta
pelo uso crescente do celular, da internet e das redes sociais. Trata-se de um
processo que ocorreu em três níveis facilmente identificáveis: o tecnológico, o
de conteúdo e o dos profissionais empregados. À frente dessa transformação,
dois jornalistas vão se destacar ao longo desses 10 anos: o gerente executivo de Jornalismo Cyro Martins e o editor-chefe Daniel Scola.
O jornal Zero
Hora noticia o início das operações da Gaúcha em FM
(28 de maio de 2008)
Fonte: Zero Hora, Porto Alegre, 28 maio 2008. p. 33.
Em 28 de maio de 2008, a Rádio Gaúcha
passou a ter o seu sinal transmitido também em frequência modulada. No segmento
de jornalismo, não foi a primeira a adotar a transmissão simultânea em AM e em
FM. Em Porto Alegre, a primazia pertence à Band, que operou, assim, de março de 2000 a
dezembro de 2001. No entanto, a emissora do Grupo RBS tomou essa decisão quando
se esgotavam as possibilidades de crescimento em amplitude modulada, faixa que
perdia força desde o início da década anterior. É o ponto inicial do processo. Na primeira madrugada da
programação em FM, mas seguindo ao longo do dia, dirigentes do Grupo RBS já
deixavam clara a ideia de que a emissora, a partir dali, deveria estar presente
em todos os suportes possíveis: do espectro hertziano em suas diversas
manifestações – radinhos transistorizados, telefones celulares, MP3 players... – às novas formas de
transmissão e recepção de áudio proporcionadas pela internet. Na sequência,
prevendo o desgaste da FM também no interior do estado, a rádio do Grupo RBS
monta uma rede de emissoras próprias em cidades-chave. Assim, em 2 de julho de
2012, passa a operar a Gaúcha Santa Maria 105,7 FM e, em 1º de setembro do
mesmo ano, a Gaúcha Serra 102,7 FM, em Caxias do Sul. Quase dois anos depois,
em 1º de junho de 2014, entra no ar a Gaúcha Zona Sul 102,1 FM, com sede em
Pelotas. A partir de então, todas as novidades tecnológicas passam a ser
consideradas. A Gaúcha, que já usava o velho Orkut e os torpedos da conta
telefônica, vai ser quase sempre a pioneira na incorporação de novas
ferramentas: do Periscope, logo abandonado, ao Live do Facebook, passando por
um forte trabalho de todos seus produtores de conteúdo em aplicativos, sites e
redes sociais.
O trio de apresentadores do Timeline (novembro de 2014)
Da esquerda para a direita, Luciano Potter, David Coimbra e Kelly Mattos.
Fonte: Zero Hora, Porto Alegre, 16 nov. 2014. TV
Show, p. 1.
No que diz
respeito ao conteúdo em si, a emissora mantinha praticamente o estilo de
programação desde as mudanças introduzidas por Flávio Alcaraz Gomes em meados
da década de 1980. Em 17 de novembro de 2014, ocorre a primeira alteração
significativa da grade da Gaúcha: após a aposentadoria de Lauro Quadros,
estreia o Timeline, na faixa das 10
às 11h, provocando um acréscimo de 30 minutos no Gaúcha Atualidade, programa que inicia às 8h10. Na apresentação de
ambos, vai se delineando uma nova estrutura na condução dos programas, na qual
a presença de um único âncora dá lugar a até três profissionais. Se o Atualidade já era co-apresentado por
Daniel Scola, Rosane de Oliveira e Carolina Bahia (de Brasília), a nova atração
tem Luciano Potter, Kelly Mattos e David Coimbra (de Boston, nos Estados
Unidos). O Timeline também marca uma
aproximação com o entretenimento e com a coloquialidade, em especial pela
presença de Potter, conhecido comunicador da Atlântida FM.
Zero Hora noticia
as alterações no Sala de Redação (29
de março de 2015)
Fonte: Zero Hora, Porto Alegre, 29 mar. 2015. p. 46.
Em março de 2015, é alterado o horário do Sala de Redação, o programa comandado
por Pedro Ernesto Denardim, que ganha meia hora e adota uma estratégia
multiplataforma.
O trio de apresentadores do Gaúcha+ (setembro de 2017)
Da esquerda para a direita, Leandro Staudt, Kelly Mattos e Diogo Olivier.
Fonte: Zero Hora, Porto Alegre, 2-3 set. 2017. p. 39.
No dia 4 de setembro de 2017, saiu do ar o Gaúcha Repórter, abrindo espaço para o
novo Gaúcha+, replicando um pouco a
estrutura e o clima do Timelime. Na
apresentação, Leandro Staudt,
Kelly Mattos e Diogo Olivier.
O repórter Eduardo Paganella em ação (fevereiro
de 2018)
Fonte: Acervo particular de Eduardo Paganella
(fotografia de Diego Calovi).
Ao longo do processo de expansão da Gaúcha para
outras plataformas, alteram-se as rotinas de trabalho e passa a ser necessário
outro tipo de profissional. Por exemplo, nas ruas, os repórteres não produzem
mais apenas áudio. Entram no ar predominantemente ao vivo. A todo momento,
geram textos, fotografias e vídeos. Seu equipamento básico é o celular,
aparelho para registro, processamento e transmissão. Para garantir qualidade de
estúdio na irradiação, recorrem ao Access, que usa protocolo de internet. Quase
todo o conteúdo ganha imagem em movimento real
time via Facebook.
Institucional de lançamento do portal Gaúcha ZH
(setembro de 2017)
Fonte: Acervo particular.
A emissora, inclusive, já se identifica apenas
como Gaúcha, sem o “rádio” de sua plataforma original. Culminando com esse
processo de transbordamento da marca para outros suportes, em setembro de 2017,
o Grupo RBS lança o portal Gaúcha ZH, integrando tecnologias, conteúdos e
equipes.
Graças a essas transformações, a Gaúcha
completou, em março de 2018, três anos como líder geral audiência na soma das
faixas de AM e de FM, um feito para uma emissora do segmento de jornalismo.
Anúncio registra a
liderança da Gaúcha (março de 2018)
Fonte: Zero Hora, Porto Alegre, 17-18 mar. 2018. p. 37.
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