Balanço do Rádio do RS em 2016
Alguns apontamentos para recordar
a história do rádio no estado
Luiz Artur Ferraretto
Em 2016, a Gaúcha acabou sendo mais
uma vez o destaque do rádio na Grande Porto Alegre e, por extensão, no Rio Grande do Sul. A emissora pertencente ao
Grupo RBS seguiu liderando com folga a audiência geral do meio e, em seu
segmento específico, não viu nenhuma concorrente direta sequer se posicionar
entre as dez primeiras colocadas nos levantamentos do Kantar Ibope Media. A 104,
da Rede Pampa e focada no segmento musical popular, manteve a segunda colocação
geral. No entanto, a respeito das emissoras pertencentes à família Gadret, o
que mais chamou a atenção foi o gradativo crescimento da Caiçara. Ao migrar
para a frequência modulada após a contratação de Sergio Zambiasi, a rádio
desbancou a Farroupilha, líder há décadas entre as estações faladas para o
segmento popular. Apostando também, cada vez mais, na conversa, a Atlântida
firmou-se em terceiro lugar na audiência geral com sua programação voltada ao
público jovem. Em termos de audiência, também destacaram-se emissoras como
Alegria e Eldorado (segmento musical popular), Mix (musical jovem) e
Continental (musical adulto). Oferecendo diferenciais consideráveis em relação
às demais e concentrando, portanto, o foco em parcelas mais específicas de
público, apresentaram ainda bons resultados as musicais União e Unisinos, além
da jornalística especializada em futebol Grenal.
GAÚCHA, A LÍDER DE MERCADO
Além da audiência obtida e da crescente
centralidade entre os negócios de mídia do Grupo RBS, alguns outros fatos
atestam a liderança da Gaúcha ao longo de 2016. Dois são relacionados ao
reconhecimento do mercado: a conquista do Top de Marketing da Associação Brasileira
de Dirigentes de Vendas com o case Gaúcha
líder: uma estratégia de produto vencedor; e a escolha da emissora como veículo do ano pela Associação Rio-grandense de Propaganda. Outro, resultado do investimento
crescente em reportagens mais investigativas e em grandes coberturas, aparece
no ranking da newsletter especializada Jornalistas & Cia, anunciado em janeiro. Nele, a emissora do Grupo RBS ponteava como a mais premiada do país, com o jornalista
Cid Martins, da equipe de repórteres, ocupando a quinta colocação entre os
profissionais brasileiros com maior quantidade de premiações. Algo bem mais singelo também comprovava, em 12 de
maio, o papel da emissora como referência junto ao público: no momento
final da votação da admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado Federal, a
Trensurb colocou o som da rádio nos alto-falantes dos trens e das estações para
que os passageiros acompanhassem.
Anúncio da Rádio Gaúcha (setembro de 2016)
Integração com outras
plataformas
Ao longo de 2016, a Gaúcha ampliou o seu projeto
multiplataforma, um dos mais avançados do país, o que a distancia ainda mais em
relação à tímida ou à inexistente ação de suas concorrentes do segmento de
jornalismo em Porto Alegre. Abaixo alguns exemplos destas ações da emissora do
Grupo RBS.
Em março, a emissora alterou o formato de transmissão on-line de vídeo do programa Sala de Redação e começou a testar o Sala na TV.
Teste do novo sistema de transmissão de vídeo on-line (10 de março de 2016)
As transmissões em vídeo pelas redes sociais
tornaram-se comuns. Antônio Carlos Macedo destacou-se em diversas ações
utilizando recursos multiplataforma, sempre procurando preparar seus ouvintes
para as novas formas de acessar os conteúdos gerados. Um exemplo foi o início
das transmissões ao vivo no Facebook.
Antônio Carlos Macedo, Jocimar Farina e Cléo Kuhn explicam para os ouvintes como funciona o recurso Live do Facebook
(29 de abril de 2016)
Em 16 de agosto, a equipe de esportes da Gaúcha comandou
uma transmissão conjunta com o canal UHF Octo durante o jogo comemorativo aos
10 anos do título obtido pelo Sport Club Internacional na Copa Libertadores da
América. Foi uma jornada esportiva diferente. A linguagem da TV dobrou-se à do
rádio, encarado como meio principal na parceria.
A equipe da Gaúcha fazendo rádio e televisão (16 de agosto de
2016)
Da esquerda para a direita e de cima para baixo, Zé
Victor Castiel, Gustavo Manhago e Maurício Saraiva; e os repórteres Luciano
Périco, Sérgio Boaz e Eduardo Gabardo em ação.
Em 18 de outubro, a emissora lançou o
Gaúcha Me Leva. Baseado em uma ideia
de Andressa Xavier e Diori Vasconcellos, o âncora Daniel Scola percorreu a
cidade com os candidatos a prefeito Nelson Marchezan Jr. (PSDB) e Sebastião
Melo (PMDB) em dois programas em vídeos produzidos exclusivamente para a
plataforma on-line.
Gaúcha Me Leva com Nelson Marchezan Jr. (18 de outubro de
2016)
Gaúcha Me Leva com Sebastião Melo (18 de outubro de
2016)
Durante todo o ano, houve reforço na
produção de conteúdo próprio ou via parcerias, reforçando a marca Gaúcha em blogs. Em 19 de outubro, a emissora
chegou a realizar um workshop com os produtores deste tipo
de conteúdo.
Anúncio para as redes sociais do workshop com blogueiros parceiros (18 de outubro de 2016)
Aposta na grande reportagem
A Gaúcha manteve a aposta na reportagem com certo transbordamento multiplataforma, como já
vinha ocorrendo desde anos anteriores. Neste sentido, veiculou matérias como as
de Eduardo Matos e equipe sobre os efeitos da crise sobre a oferta de empregos,
levadas ao ar em 10 de março, ou a continuação do trabalho iniciado em 2015 por Eduardo Gabardo e Rodrigo Oliveira a
respeito dos cartolas e das federações esportivas, esta última, Os coronéis do futebol 2, sendo
veiculada em 13 de setembro.
Vídeo da primeira parte da reportagem Os desafios do emprego na
crise (10 de março de 2016)
Apresentação da série de reportagens Coronéis do futebol 2 (13 de setembro de 2016)
A principal novidade, no entanto, foi
a participação de Cid Martins na reportagem-blitz nos
ônibus metropolitanos realizada de modo integrado pelo Grupo RBS. Além dele,
atuaram repórteres da RBS TV e dos jornais Diário Gaúcho e Zero Hora.
Os conteúdos a respeito da situação do transporte coletivo na Grande Porto
Alegre foram veiculados em 19 de julho.
A reportagem conjunta sobre o transporte coletivo na Grande
Porto Alegre (19 de julho de 2016)
Este tipo de estratégia tende a ser frequente. Em dezembro de 2016, o conglomerado midiático da família Sirotsky criou o seu Grupo de Investigação. Integrado por profissionais de vários veículos da RBS, o GDI tem em seu quadro também o repórter Cid Martins da Gaúcha.
Marca do GDI do Grupo RBS (dezembro de 2016)
2016 consolidou a participação quase que
exclusivamente ao vivo dos repórteres na programação da emissora. A inclusão de entrevistados nos boletins destes profissionais acabou se
reduzindo a trechos muito curtos, com a Gaúcha optando, cada vez mais, pela
narração do fato no momento de sua ocorrência e, sempre que possível, do seu
palco de ação.
Gaúcha Sports Bar
No dia 6 de junho, a emissora do Grupo RBS inaugurou o
Gaúcha Sports Bar, espaço aberto para o público em geral no dia seguinte. Em
seu primeiro mês de funcionamento, seis mil pessoas passaram pelo local. O
barpassou a centralizar uma série de atividades promovendo a marca da
emissora e de seus principais programas e profissionais.
Anúncio do Gaúcha Sports Bar (6 de junho de 2016)
Mudanças na equipe esportiva
Já no final de 2015, a Gaúcha começou a preparar os
sucessores de Pedro Ernesto Denardin. Além de espaços abertos na narração para
repórteres esportivos da casa, a emissora contratou para a função Gustavo
Manhago, que estreou na vitória do Internacional por 1 a 0 contra o Fluminense
pela Florida Cup, em 20 de janeiro, e Marcelo De Bona, no jogo Juventude 2 x 1
São Paulo/RS pelo Gauchão 2016, no dia 30 do mesmo mês.
Apresentação dos novos narradores da Gaúcha no programa Sala de Redação (10 de dezembro de 2015)
Em janeiro também, a
emissora passou a apostar mais na análise de desempenho, que trabalha com
informações mais técnicas relacionadas com posse de bola, mapa de calor, velocidade média de cada jogador,
fases de defesa e ataque na partida ou comportamentos individuais, táticos,
físicos e até psicológicos dos atletas. Para tanto, da Rádio Grenal, trouxe Gustavo
Fogaça em uma parceria a incluir blogs
e redes sociais.
Gustavo Fogaça (janeiro de 2016)
Em setembro, outra alteração: estrearam os novos
repórteres de torcida da Gaúcha: Duda Garbi (Grêmio) e Kelly Matos
(Internacional). Ambos substituíram Luciano Périco, que passou a se dividir
entre suas demais funções na rádio e a de narrador na RBS TV. Duda – e seu
personagem Santaninha, uma caricatura-homenagem do cronista Paulo Sant’Ana – e
Kelly também começaram a participar do Sala
de Redação.
Sala de Redação em livro
No Gaúcha Sports Bar, em 11 de julho, Cléber Grabauska
e Júnior Maicá lançaram o livro Sala de Redação
– Aos 45 do primeiro tempo.
Capa do livro Sala de Redação – Aos 45 do primeiro tempo (2016)
Arquivo Gaúcha
A Gaúcha, em junho, começou a levar ao ar e
disponibilizar para download a
segunda temporada do Arquivo Gaúcha,
série de documentários aproveitando o acervo da emissora e contando com a
competentíssima edição de Rafael Lindemann.
A nova temporada do Arquivo Gaúcha (2016)
Daniel Scola
O gestor de conteúdo e âncora Daniel Scola consolidou-se,
em 2016, como o principal enviado especial do rádio do Rio Grande do Sul em
coberturas internacionais. No mês de março, acompanhou a visita do presidente
dos Estados Unidos Barack Obama a Cuba e, em novembro, esteve junto com Andressa Xavier cobrindo as eleições norte-americanas.
Daniel Scola em Cuba (17 de março de 2016)
Andressa Xavier e Daniel Scola nos Estados Unidos (2 de novembro de 2016)
CRISE POLÍTICA E RECESSÃO
Reflexos da crise política com suas
repercussões econômicas foram sentidos nas emissoras de rádio. A recessão
obrigou a demissões de profissionais e de estagiários, renegociações com
anunciantes e muita criatividade em 2016. Transmissões externas relacionadas
com patrocinadores foram ampliadas e várias estratégias promocionais tiveram de
ser criadas. Pelo lado da abordagem dos fatos envolvendo o processo de
afastamento da presidente Dilma Rousseff e de ascensão ao poder de seu vice
Michel Temer, houve momentos de bom jornalismo, de deslizes eventuais, de
posicionamentos explícitos e de erros inadmissíveis.
No âmbito do Rio Grande do Sul, Rádio
Gaúcha e Agência Radioweb foram as empresas que disponibilizaram a maior
quantidade de recursos humanos e técnicos durante as manifestações populares contra
ou a favor de Dilma Rousseff e ao longo das votações do processo de impeachment no Congresso Nacional. Pela
emissora do Grupo RBS, destacaram-se Daniel Scola, Kelly Matos, Renata Colombo
e Matheus Schuch, na cobertura em si, e Carolina Bahia e Rosane de Oliveira,
contribuindo com opinião e interpretação, além de informação. O trabalho da
Radioweb evidenciou a atuação, ao microfone e como gestor da agência, de Paulo
Gilvane Borges. Na Band e na Guaíba, mesmo restritos ao estúdio, profissionais
como André Machado e Oziris Marins, na estação da família Saad, e Felipe
Vieira, na ligada à Igreja Universal do Reino de Deus, fizeram a diferença,
ouvindo analistas e protagonistas de várias correntes políticas. À esquerda e à
direita, o principal erro destas duas emissoras foi concentrar o foco, por
vezes, em outros jornalistas mais afeitos a opiniões extremadas, alguns deles
jamais abrindo espaço para o contraditório.
Um exemplo dos deslizes da cobertura
realizada neste período ocorreu, nos dias 16 e 17 de março, no acompanhamento
da desesperada nomeação
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil e da divulgação de
áudios envolvendo o petista. As gravações, incluindo grampeamento de ligações
telefônicas da então presidente Dilma Rousseff, foram colocadas no ar, em
alguns casos, sem terem sido ouvidas antes. A opinião tomou conta das
transmissões de algumas emissoras. Trechos dos áudios eram repetidos à
exaustão. O uso de palavrões por Lula e seus interlocutores ganhou abordagem no
mínimo conservadora no ano em que, contraditoriamente, o rádio de Porto Alegre,
em especial na cobertura esportiva, mais usou este tipo de vocábulo. Mesmo
havendo nota oficial do então governo a respeito, esta foi poucas vezes mencionada.
Como atenuante, deve-se registrar o esforço de produtores tentando ouvir
políticos ligados ao Partido dos Trabalhadores e seus apoiadores, que, não
raro, preferiram se omitir de qualquer tentativa de resposta às acusações apresentadas. Uma exceção neste contexto: a Unisinos FM. A rádio jovem da
Universidade do Vale do Rio dos Sinos ouviu especialistas de várias tendências,
procurando situar o público em relação aos fatos.
Louvável foi o esforço de emissoras do interior no
acompanhamento do processo de impeachment,
enviando profissionais para Brasília. Foi caso, entre outras, da Arauto, de
Vera Cruz; da Gazeta, de Santa Cruz do Sul; e da Independente, de Lajeado.
A SUPERIORIDADE DO
RÁDIO E A QUEDA DO AVIÃO DA CHAPECOENSE
Em 29 de novembro, o acompanhamento noticioso do trágico acidente com a
equipe da Chapecoense comprovou a supremacia do rádio neste tipo de situação.
Jornais chegaram, mais uma vez, às bancas com a edição totalmente defasada em
função da tragédia ter ocorrido durante a madrugada. A televisão, em muitos
momentos, fez rádio: entrevistas por telefone, análise em estúdio etc. Dentro
de suas possibilidades, as estações do segmento de jornalismo demonstraram
agilidade incomparável, fácil adaptação aos recursos da internet e uma
abrangência única. E não foi fácil, no caso das rádios de Porto Alegre, cobrir
uma tragédia deste porte com tantos e tantos conhecidos e amigos entre as
vítimas.
FRAGILIDADES DO
JORNALISMO NOS FINAIS DE SEMANA
Ambos ocorridos na virada de sexta para sábado, o vendaval de janeiro em
Porto Alegre (29 de janeiro) e o falecimento do líder cubano Fidel Castro (25
de novembro) expuseram as deficiências da cobertura jornalística não esportiva
nos finais de semana. Ficou evidente a dependência em relação aos principais
profissionais das emissoras do segmento. No início do ano, apesar do esforço de
quem estava de plantão, a cobertura no sábado à tarde e durante todo o domingo
ficou, em geral, aquém da catástrofe de impacto inédito na capital gaúcha. A cobertura só ganharia força, novamente, na segunda-feira. Em novembro, colocadas
frente a acontecimento histórico – a morte de uma figura emblemática do século
20 –, as rádios reagiram de forma pífia. O
lugar-comum tomou conta das transmissões de algumas emissoras: a informação
reduziu-se ao wikipédico, a opinião pendeu para a obviedade e o recurso a
fontes fortes padeceu pela falta de agenda telefônica de muitos produtores. Boa
parte do problema, obviamente, foi causado pela redução das equipes em função
da crise. Neste caso, no entanto, não houve reforço quantitativo e qualitativo
a partir da segunda, em parte pelos próprios fatos da conturbada agenda
política brasileira.
O RÁDIO NO TOP OF MIND DA REVISTA AMANHÃ
A tradicional pesquisa da revista Amanhã demonstrou a força de emissoras e de profissionais junto à
opinião pública. No levantamento anunciado em maio, destacaram-se Sérgio
Zambiasi (comunicador de rádio), Pedro Ernesto Denardin (narrador esportivo),
Atlântida (emissora musical) e Gaúcha (emissora de notícias).
Os destaques do rádio de Porto Alegre no Top of Mind (maio de
2016)
NOVOS CONTEÚDOS
As emissoras dedicadas ao jornalismo
criaram ao longo de 2016 novos conteúdos, alguns dos quais merecem ser citados.
É o caso do bate-papo entre os comentaristas esportivos Nando Gross, Carlos
Guimarães e Cristiano Oliveira, que passou a acontecer, desde agosto, por volta
das 18h, dentro do Repórter Esportivo,
tradicional resenha esportiva da Guaíba. Ouvindo personalidades históricas da
política do Rio Grande do Sul, a mesma emissora recuperou o formato da
entrevista em profundidade no Poder em
Pauta, apresentado por Vitória Famer, às 21h, aos sábados, e que estreou no
dia 17 de setembro. Deve-se destacar ainda o quadro sobre educação, que, desde
3 de outubro, é comandado por Angela Chagas dentro do Gaúcha Atualidade. Em um viés mais leve, em 19 de setembro, a Band
passou a incluir em sua grade o programa Antenados,
reunindo Paulo Brito, Claudio Duarte e Ico Thomaz, grupo que, tempos depois,
ganhou o acréscimo de Regina Lima. Pendendo diretamente para o humor, a Gaúcha
começou a contar, também no mês de setembro, com a colaboração do Guri de
Uruguaiana, personagem criado por Jair Kobe, e a Guaíba estreou, em 14 de
novembro, o programa Von Mitsen & Cia,
apenas na plataforma on-line, das 19
às 20h, de segunda a sexta, e comandado pela criação de Olídio Volpato.
O deputado estadual Ibsen Pinheiro e a apresentadora Vitória
Famer na estreia do Poder em Pauta (17 de
setembro de 2016)
Nas redes sociais, a estreia do quadro de educação do Gaúcha Atualidade (3 de outubro de 2016)
O Band Cidade, telejornal local, noticia a estreia do programa Antenados (19 de setembro de 2016)
Estreia do Guri de Uruguaiana no programa Supersábado (17 de setembro de 2016)
A equipe do Von Mitsen & Cia (novembro de 2016)
GREMISTA OU COLORADO?
A Rádio
Grenal, caracterizada pela participação frequente dos torcedores na
programação, ficou ainda mais próxima das arquibancadas em 2016. Um ato que
passaria despercebido em outros estados, chamou a atenção no em tudo
polarizado Rio Grande do Sul. Em 18 de abril, o jornalista Rafael Serra
assumiu, ao microfone e nas redes sociais, ser torcedor do Grêmio Foot-ball
Porto-alegrense.
Rafael Serra e o Grêmio (18 de abril de 2016)
A ATLÂNTIDA E O FUTEBOL
Em 2016, a Atlântida contratou o
comentarista Fabiano Baldasso, até então na Band. Estreando em fevereiro, o
jornalista ficou na emissora até setembro, quando passou a atuar junto ao Sport
Club Internacional. A relação com o clube protagonizou uma ação da emissora em
torno do anúncio da preferência clubística de Baldasso, algo ainda extremamente
raro no rádio do Rio Grande do Sul.
No ATL Grenal, Fabiano Baldasso anuncia que é torcedor do Inter (26 de abril de 2016)
Mesmo com a saída do comentarista, o ATL Grenal manteve-se como alternativa
jovem e algo debochada de debate esportivo. O programa, desde fevereiro passou
para a faixa das 11 às 12h. Segue como uma das apostas da Atlântida no caminho
de ser uma rádio mais falada.
No futebol, entre outras ações, a
emissora jovem do Grupo RBS também acompanhou jogos mais destacados, como a
final da Copa do Brasil entre Grêmio e Atlético Mineiro.
Os gremistas do ATL Grenal na
final da Copa do Brasil (23 de novembro de 2016)
EXCLUSIVAS COM OS PROTAGONISTAS DO IMPEACHMENT
A entrevista exclusiva, aquela que se
transforma em um furo jornalístico, é uma obsessão do jornalista. Não foi diferente
durante o processo de afastamento de Dilma Rousseff. Algumas delas aparecem
registradas a seguir.
Em 27 de junho, Juremir Machado da Silva e
Taline Optiz, do Esfera Pública, da
Guaíba, ouvem a presidente afastada, que, um mês depois, no dia 21 de julho,
fala também ao Conexão Pampa, da
Pampa AM, apresentado por Pedro Fonseca e Paula Cardoso, com a participação de
Armando Burd. Em 28 de julho, Dilma dá entrevista à equipe da Agência Radioweb.
Trecho da entrevista de Dilma Rousseff para a Rádio Guaíba
(27 de junho de 2016)
Trecho da entrevista de Dilma Rousseff para a Rádio Pampa (21 de julho de 2016)
Outra ponta do processo, Michel Temer,
já convertido em presidente do Brasil, dá entrevista para a equipe da Agência Radioweb,
em 16 de setembro, e para o Gaúcha
Atualidade, em 7 de outubro.
Material produzido pela Agência Radioweb a respeito da
entrevista de Michel Temer (16 de setembro de 2016)
Trecho da entrevista de Michel Temer para a Rádio Gaúcha (7
de outubro de 2016)
Avesso a entrevistas e a aparecer na
mídia, o juiz Sérgio Moro, figura central da Operação Lava-jato, aceita falar
rapidamente a duas emissoras do Rio Grande do Sul no dia 4 de agosto. No Gaúcha Atualidade, ponto para o esforço e a persistência do
produtor Tiago Boff. Minutos depois, o arredio entrevistado fala para o Agora, da Guaíba, em um grande lance do também
produtor Otto Bede.
Daniel Scola, Rosane de Oliveira e Carolina Bahia entrevistam
Sérgio Moro na Gaúcha (4 de agosto de 2016)
Felipe Vieira entrevista Sérgio Moro na Guaíba (4 de agosto de 2016)
AGÊNCIA RADIOWEB COMPLETA 15 ANOS
Anúncio comemorativo dos 15 anos da Agência Radioweb (agosto
de 2016)
Modelo de negócio calcado na
prestação de serviços a emissoras e clientes corporativos, a Agência Radioweb
completou 15 anos, realizando, pelo menos, três grandes coberturas em 2016: a
do processo de impeachment da
presidente Dilma Rousseff, a dos Jogos Olímpicos e a das eleições municipais.
Por exemplo, em 17 de abril, na votação da aceitação do afastamento pela Câmara
de Deputados, liderou uma cadeia de emissoras com 402 FMs e 118 AMs, entre estações
comerciais. comunitárias e educativas de vários pontos do país.
Abertura das transmissões da Agência Radioweb na votação da
admissibilidade
do processo de impeachment na Câmara dos Deputados (17 de abril de 2016)
do processo de impeachment na Câmara dos Deputados (17 de abril de 2016)
JOGOS OLÍMPICOS
Única emissora de rádio do Sul do
país credenciada para a cobertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, a
Gaúcha dedicou 140 horas para o evento, com 29 competições transmitidas, além
da abertura e do encerramento. Já em julho, José Alberto Andrade acompanhou a
passagem da tocha pelas principais cidades do Rio Grande do Sul.
José Alberto Andrade começa a acompanhar a passagem do fogo
olímpico (3 de julho de 2016)
A Gaúcha transmite a abertura dos Jogos Olímpicos (5 de
agosto de 2016)
Na cobertura do Grupo RBS, destaca-se
ainda Marcos Piangers, da Atlântida, produzindo conteúdo multiplataforma.
Um dos vídeos da OlimPiangers (4 de agosto de 2016)
A GUAÍBA E A COBERTURA DA PRISÃO DO REPÓRTER DO JÁ
A equipe de reportagem da Guaíba destacou-se na
cobertura da retirada de um grupo de estudantes que ocupava a Secretaria
Estadual da Fazenda em 15 de junho de 2016, quando o repórter do Já, Matheus Chiaparini, foi preso pela
Brigada Militar no exercício de sua profissão. No dia seguinte, Felipe
Vieira, no programa Agora, fez duas
boas entrevistas: uma com o próprio Chiaparini e outra com o comandante do
Comando de Policiamento da Capital, tenente-coronel Mario Yukio Ikeda. A
respeito da polêmica em torno da identificação do jornalista preso, chamou a
atenção a abordagem enfática do apresentador ao conversar com o representante
da PM: “Coronel Ikeda, se eu vou para uma manifestação destas, o senhor vai me
prender, porque eu não uso crachá".
Felipe Vieira no comando do Agora (2016)
A CULTURA TEM ESPAÇO NO GUAÍBA REVISTA
Entre o conteúdo oferecido pelas emissoras comerciais
dedicadas ao radiojornalismo, o Guaíba
Revista constituiu-se em um dos poucos programas a abrir espaços para a
cultura. Apresentado por Ananda Müller e Carlos Guimarães, das 15h30 às 16h30, foi
ocupando um espaço deixado vago nas tardes do rádio de Porto Alegre desde o fim
do Gaúcha Entrevista, de Ruy Carlos
Ostermann. Ponto para a Guaíba, que, neste horário, oferece um diferencial em
relação às suas concorrentes.
O cantor e compositor Fagner dá entrevista a Carlos Guimarães
e Ananda Müller (11 de novembro de 2016)
O FIM DO PIJAMA
SHOW
Em uma das atitudes mais controversas
– e, para muitos, equivocadas – do ano, a Farroupilha tirou do ar o Pijama Show. O último programa foi transmitido em 8 de setembro. Pouco menos de um mês antes, no dia 10 de agosto, a atração
havia completado 18 anos. Com o fim de seu programa, Everton Cunha, o Mr. Pi,
passou a integrar a equipe do Bafão,
apresentado nas tardes da Farroupilha.
Nas redes sociais, Mr. Pi anuncia o fim do Pijama Show (setembro de 2016)
Trecho do Bafão em que Mr. Pi
passou a integrante fixo do programa (12 de setembro de 2016)
CAIÇARA, LÍDER NO SEGMENTO POPULAR
Em agosto, pela primeira vez, a Rádio
Caiçara ultrapassou a Farroupilha em número de ouvintes no levantamento do
Kantar Ibope Media. A emissora chegou aos seus 50 anos, recuperando, depois de
muito tempo, a liderança no segmento popular. Foi uma vitória pessoal de Sérgio
Zambiasi, comunicador dispensado pelo Grupo RBS, cuja presença ao microfone da
Caiçara deu novo ânimo à emissora, na qual já despontava Paulo Josué, também um
dos mais conhecidos profissionais do rádio povão da Grande Porto Alegre.
A Caiçara comemora a liderança no segmento popular (novembro
de 2016)
BEATRIZ FAGUNDES
Uma das profissionais mais associadas
à Rádio Pampa deixou a emissora em fevereiro. Beatriz Fagundes passou a
desenvolver um projeto próprio de emissora para a internet: a Manawa, “a voz da
resistência”. A web rádio pode ser acessada em: http://www.manawa.com.br/.
Divulgação da Manawa no Facebook (dezembro de 2016)
A VOLTA DA JOVEM PAN FM
Graças a uma parceria com o Grupo
RSCOM, de Bento Gonçalves, a Jovem Pan FM retornou ao dial da Grande Porto Alegre em 12 de dezembro. Uma das mais
populares do país no segmento musical jovem, a rádio passou a ser transmitida
nos 90,7 MHz, de Montenegro. Feito no Pânico,
em meados de novembro, o anúncio causou impacto nas redes sociais, onde, há
tempos, um significativo grupo de ouvintes pedia o retorno da Jovem Pan.
O anúncio da volta da Jovem Pan ao dial de Porto Alegre (17 de novembro de 2016)
O FIM DA FUNDAÇÃO CULTURAL PIRATINI
Em 21 de novembro, um dia antes de
decretar estado de calamidade financeira no Rio Grande do Sul, o governador
José Ivo Sartori anunciou que a Fundação Cultural Piratini estava entre os
órgãos a serem extintos por sua administração. A decisão colocou a TVE e a FM
Cultura, emissoras ligadas à fundação, sob total ameaça. Na manhã seguinte, o Café Cultura, tradicional programa da
rádio, demarcava a indignação da classe artística, dos ouvintes e de diversas
entidades.
Uma agenda cultural diferente para protestar contra a
extinção da Fundação Piratini (22 de novembro de 2016)
O ANO DO PALAVRÃO
Um velho preconceito começou a ser
derrubado com mais intensidade em 2016: o do uso do palavrão, tipo de vocábulo
a que todo mundo, com maior ou menor frequência, recorre. Ganhou espaço em
programas de debates cada vez mais coloquiais. Algumas narrações esportivas, no
entanto, invadiram o ciberespaço a partir do Rio Grande do Sul. Foi o caso de
um trecho da transmissão da vitória do Veranópolis por 2 a 1 frente ao
Juventude, jogo ocorrido em 27 de março. A quantidade de compartilhamentos, likes e cliques na narração de Kid
Sangalli, da Studio FM, de Veranópolis, chamou a atenção até da imprensa
esportiva.
“Pra deixar todo mundo com o pau duro, rapaz!” (27 de março
de 2016)
O mais irreverente dos narradores
esportivos do Rio Grande do Sul, então, viraria notícia nacional, em outubro,
por um ou dois palavrões externando o sentimento dos torcedores colorados com o
Internacional à beira do rebaixamento.
“Termina essa porra desse jogo!” (6 de outubro de 2016)
DE GERAÇÃO PARA GERAÇÃO
Um fato curioso e inédito: em 29 de março, pai e filho
narram o mesmo jogo por duas emissoras concorrentes. O empate em 2 a 2 entre o
Paraguai e o Brasil teve Marco Antônio Pereira ao microfone da Guaíba e
Henrique Pereira no da Grenal.
UMA NARRADORA DE FUTEBOL
No domingo 22 de novembro, Clairene
Giacobe estreou na Rádio Estação Web narrando a final da Supercopa Gaúcha entre
Internacional e Ypiranga, de Erechim. Ex-goleira do time feminino colorado, ela
atuava desde 2012 como comentarista da emissora.
O CHORO É LIVRE
Um lance inusitado, em 3 de outubro,
durante o Gaúcha Hoje: um
sindicalista reclama da ausência da imprensa. Sem se dar conta, estava ao vivo
na rádio que cobria a manifestação.
A reclamação do sindicalista (3 de outubro de 2016)
O OUVINTE COMO REPÓRTER
No início da manhã de 17 de fevereiro, ouvintes surpreendem,
pela qualidade de seus relatos, os jornalistas das rádios Bandeirantes e
Gaúcha, tornando-se repórteres durante a cobertura da queda de um ônibus no rio
Jacuí em um dos acessos a Porto Alegre.
Jornal Gente (17 de fevereiro de 2016)
Gaúcha Hoje (17 de fevereiro de 2016)
A REPORTAGEM MULTIPLATAFORMA NO INTERIOR
A chamada grande reportagem, cada vez
mais, transborda do rádio para a internet. É algo que muitas emissoras das
capitais não entenderam ainda. Não se trata de pouca coisa, portanto, o
material produzido em áudio e vídeo pelos repórteres Daniel Lucas Rodrigues e Rosângela
Magalhães, da Rádio São Francisco, de Caxias do Sul, para marcar o Dia do Gari, em 12
de maio.
Vídeo produzido pelo repórter Daniel Lucas Rodrigues (12 de maio de 2016)
Vídeo produzido pela repórter Rosângela Magalhães (12 de maio
de 2016)
EM MEMÓRIA
O rádio perdeu, em 2016, grandes
profissionais. É a inevitável roda da vida. E da morte. Um ciclo natural.
Deixaram saudade pelas ondas hertzianas: Luiz Carlos Vergara Marques, o principal narrador de
turfe do Rio Grande do Sul (24 de março); Enio Rockembach, uma das vozes
marcantes da Farroupilha dos anos 1950 (21 de maio); Raul Moreau, publicitário e plantão esportivo (6 de outubro); Roberto
Brauner, narrador esportivo (6 de outubro); e Valter Gonçalves dos Santos, um
dos criadores da Rede Gaúcha Sat (10 de novembro). Deles todos, ficam
lembranças e mais lembranças, como as do pessoal doSala de Redação em relação ao Brauner e
ao Moreau:
Equipe do Sala de Redação relembra Roberto Brauner
e Raul Moreau (7 de outubro de 2016)
2017?
O ano de 2017 promete ser bem
complicado para o rádio. Tirando a Libertadores da América, não há grandes eventos no horizonte: eleições, jogos
olímpicos, copas do mundo... O próprio acompanhamento dos jogos do Grêmio em outros países pode ser reduzido à presença de um repórter. Caso algumas emissoras implementem ainda mais
cortes de pessoal – profissionais ou estagiários –, a qualidade de seus
conteúdos tende a piorar. Trata-se de um processo que já apresentou alguns
indícios em 2016. Por exemplo, a quantidade de grandes reportagens já foi nitidamente
menor ao longo do ano.
A redução das verbas publicitárias
pode aumentar a dependência em relação aos também escassos investimentos em
propaganda dos governos. Nos últimos meses do ano, tornou-se evidente a
presença maior de anúncios na tentativa de convencer a população sobre medidas
da administração Temer, como a reforma do ensino médio. Não raro, estes confundiram-se com o conteúdo editorial, deixando para o ouvinte
desavisado a impressão de que a propaganda era notícia. Tal prática tende a crescer
em 2017 e, com certeza, vai comprometer a credibilidade de algumas estações.
A migração para o FM iniciada este
ano pode até, neste quadro, desacelerar. Face aos custos
envolvidos, o ímpeto e as certezas de alguns empresários parece ter arrefecido.
Aliás, de nada adianta migrar, se muitas emissoras não possuem ainda sequer uma
estratégia para o cenário de convergência já consolidado. Uma prova disto é o
uso sem planejamento de redes sociais ou de recursos como transmissões em
vídeo.
Com certeza, 2017 está chegando com
muito mais incógnitas e desafios a reafirmarem para os gestores de emissoras de
rádio o velho ditado: “Cautela e canja de galinha nunca fizeram mal a ninguém”.
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