A RBS passa a controlar a Rádio Cidade FM
2015
Luiz Artur Ferraretto
Anúncio da Rádio Cidade FM (março de 1985)
Fonte: Zero Hora,
Porto Alegre, 22 out. 2003. p. 35.
Em meio à crise dos empreendimentos da família Nascimento
Britto, que controla o Sistema Rádio Jornal do Brasil, a Rede Brasil Sul
adquire, em 1990, a
Cidade FM, de Porto Alegre, mantendo quase a mesma programação e chegando a
retransmitir, mesmo após a mudança de proprietário, conteúdo gerado na antiga
cabeça de rede, lá do Rio de Janeiro. Dois anos antes, tradicionais sucessos da
concorrente chegam a se transferir para a Atlântida FM, como o programa Love Songs, que se transforma no Love 94, mantendo a fórmula baseada nas
dedicatórias de músicas, geralmente, românticas, “as melhores emoções, as mais
lindas canções” em uma “noite de muito amor”, na definição habitual do
apresentador Arlindo Sassi. Em meio a boatos de que o objetivo da RBS é
desarticular a Cidade, o que acontece, após a incorporação da emissora,
demonstra as dificuldades do grupo em estabelecer uma estratégia definida para
gerenciar de forma lucrativa duas estações em FM destinadas ao público jovem.
De fato, concorrendo entre si, cada uma tira ouvintes da outra.
No ano de 1992, ocorre uma reestruturação da área de
radiodifusão sonora da Rede Brasil Sul. O Sistema RBS Rádio fica sob a direção
de Renato Sirotsky, com Armindo Antônio Ranzolin assumindo um cargo semelhante
na Gaúcha, que ganha mais independência administrativa. Na época, já são fortes
os indícios de que grupos de fora do estado – como Jovem Pan e Transamérica –
voltam, crescentemente, suas atenções para o Rio Grande do Sul. Dentro de uma
nova estratégia para o segmento musical jovem, a Atlântida, em termos de
linguagem, aproxima-se das estações do centro do país. A apresentação torna-se
mais gritada, com grande número de vinhetas. Do humorístico Pânico, da Jovem Pan FM, de São Paulo,
em 1995, Renato Sirotsky traz Carlos Roberto Escova para integrar a equipe do Programa X, apresentado, de segunda a
sexta, das 13 às 14h, horário em que se destacam os personagens e as tiradas
satíricas dos radialistas Eron Felipe Dalmolin e Rogério Forcolen, tudo sob a
intermediação de Alexandre Fetter, espécie de âncora da atração. No ano
seguinte, o lançamento de um CD com músicas em tom de paródia marca o apogeu do
Programa X, que, em abril de 1997,
sai do ar. Um pouco antes, no primeiro semestre de 1995, com a Universal FM, da
Rede Pampa, crescendo até atingir a liderança geral em junho, a direção da RBS
contrata Mauri Grando, responsável pelo bom desempenho da emissora de Otávio
Gadret, para redefinir o perfil da Cidade FM:
– Eles queriam ter uma rádio jovem popular, só que faziam
uma rádio jovem popular só no nome. A programação continuava voltada para o
Moinhos de Ventos. A unidade móvel não ia para a Restinga, ia para a avenida
Goethe. E eu fui contratado justamente para dar um fim nesta história. A
Atlântida e a Cidade estavam correndo muito juntas. Como a Atlântida era uma
rede, a Cidade não conseguia recuperar a audiência perdida... No momento em que
a RBS comprou, não soube o que fazer com a rádio. Então, me convidaram para
realizar esse trabalho. E a orientação foi a seguinte: nós queremos fazer uma
rádio para ser primeiro lugar. A Atlântida vai ser cada vez mais A e B, mais
qualificada, e nós queremos uma rádio para pegar o primeiro lugar.
Mauri Grando (2001)
Fonte: E aí?, Porto
Alegre, ano 1, n. 23, p.13, 30 nov.-6 dez. 2001.
Da Universal, com o novo coordenador de programação da
Cidade FM, transferem-se, em seguida, os comunicadores Adriano Morais e,
voltando depois de ter o Love Songs
considerado ultrapassado no início da década, Arlindo Sassi. Até o final do
ano, a Cidade ocupa o primeiro lugar nas pesquisas do Ibope e a Atlântida, o
segundo. Antes das alterações, em maio, a emissora havia perdido o quarto lugar
para a Liberdade, voltada ao regionalismo gaúcho. No segundo semestre, no
entanto, a rádio da RBS desbanca, ainda, a Eldorado, também de Gadret, dedicada
ao pagode, que cai para a terceira posição. A partir daí, a Cidade, voltando-se
às classes B, C e D, recupera-se financeiramente e vai liderar, durante anos, a
audiência na Grande Porto Alegre.
A Cidade FM chega, assim, ao início do século 21 com um
público bem-definido – jovens de 15
a 19 anos das classes B, C e D – e tocando funk, baladas
sertanejas, músicas românticas, enfim, tudo o que aparecer como sucesso nas
paradas comerciais, nos pedidos dos ouvintes ou em programas populares de
televisão. As ameaças à liderança da emissora
vêm de estações de público com faixa etária mais ampla, pertencentes à
Rede Alegria de Rádios – Alegria FM –, à Rede Pampa – Eldorado FM e 104 FM – e
ao Sistema Tartarotti de Comunicação (Sitarcom) – Metropolitana FM. Esta última
é incorporada, tempos depois, em dezembro de 2004 à Rede Brasil Sul.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Em breve, estaremos analisando a sua postagem. Grato pela colaboração.