Em 8 de janeiro, com Rodrigo Lopes e Carlos Etchichurry – que estava de férias na capital federal e se juntou à cobertura –, a Gaúcha acompanhou intensamente, em Brasília, os atos terroristas contra os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, um dos momentos mais tensos da história do Brasil desde a redemocratização.
O primeiro gol de Nathan Fernandes como profissional pela equipe do Grêmio ganhou mais emoção após o jogo em que o tricolor venceu o Flamengo por 3 a 2, no dia 25 de outubro. O áudio e o vídeo do repórter Cristiano Silva entrevistando o jogador ganharam as redes sociais. A ideia pode não ser nova, mas é de quem conhece rádio. Emoção é tudo. E emoção foi o que Nathan Fernandes demonstrou ao escutar a narração do gol na voz de José Aldo Pinheiro.
Em 2023, o rádio do Rio Grande do Sul lembrou a tragédia da Boate Kiss.
Lançando mão de seu arquivo de vozes e enviando os repórteres Cid Martins e Juliana Bublitz para Santa Maria, a Gaúcha acompanhou a série de atividades relacionadas aos 10 anos da tragédia da Boate Kiss, na qual 242 jovens morreram.
Já a Band deslocou o repórter Jean Costa, que fez a cobertura não só para as emissoras de Porto Alegre do grupo, mas também para as redes encabeçadas pelas rádios Band e BandNews, de São Paulo. Da nova geração de profissionais de rádio, Jean também preparou uma série de reportagens especiais com sonoplastia de José Antônio de Araújo.
Pela Agência Radioweb, principal produtora de conteúdo sonoro para emissoras do país, foi deslocado o repórter Diego Brião, responsável também por uma série reportagens em profundidade a respeito do caso.
Lembrando os 10 anos da onda de protestos de meados de 2013, o portal GZH, usando profissionais mais ligados à Rádio Gaúcha, produziu a série Junho sem fim, sob o comando do jornalista Paulo Rocha. Foi uma chance de relembrar um momento ainda não totalmente compreendido da história do país. Marcou, também, uma ampliação na aposta no documentário em podcast.
A Gaúcha aproveitou o amistoso da Seleção Brasileira contra a Guiné, em 17 de junho de 2023, na Catalunha, para produzir um dos melhores conteúdos contra o racismo dos últimos tempos. O podcast Caso Vini Júnior – Um mergulho nas raízes do racismo uniu a qualidade jornalística do repórter Rodrigo Oliveira, enviado especial do Grupo RBS à Espanha, à habilidade do sound-designer Rafael Liendemann. Resultado: três episódios com uma narrativa impactante, tendo como gancho as injúrias raciais da torcida do Valência contra o jogador brasileiro, material que, pela forma narrativa escolhida, serve também como uma aula sobre a realização da própria série de reportagens.
Do rádio do Rio Grande do Sul, apenas a Gaúcha acompanhou a Seleção Brasileira de futebol feminino na Copa do Mundo disputada, em julho e agosto, na Austrália e na Nova Zelândia. Mesmo assim, não houve a transmissão em si das partidas. No Brasil, somente a Transamérica comprou os direitos para a irradiação dos jogos. A Gaúcha deslocou Kelly Costa e Rodrigo de Oliveira para a Oceania, que acompanharam, como repórteres, os treinamentos e as partidas.
Em outubro, a emissora também acompanhou a participação do Internacional na Libertadores de Futebol Feminino, com a repórter Valéria Possamai.
Em setembro, o rádio mostrou a sua força durante a enchente que atingiu parte significativa da população no Vale do Taquari. No foco da tragédia, A Hora e Independente, emissoras de Lajeado, dedicaram-se quase que integralmente à cobertura. Demonstraram, assim, a força do rádio local.
Em 10 de outubro, o Grupo RBS enviou Rodrigo Lopes para acompanhar a guerra entre Israel e o Hamas no Oriente Médio. Com a competência habitual, o jornalista trouxe um pouco da realidade do conflito para o público do Rio Grande do Sul.
Mesmo com formatos diferentes, 92 e Caiçara comprovaram a força do rádio popular em 2023. Ambas estiveram entre as mais ouvidas na Grande Porto Alegre.
Sob o comando de Martin TJ, a emissora do Grupo RBS está cada vez mais consolidada, tendo Gugu Streit entre suas atrações.
Já a Caiçara seguiu demonstrando o acerto de combinar grandes nomes do rádio popular com profissionais de gerações mais recentes. Por força de uma cirurgia, o mais importante comunicador popular do rádio do Rio Grande do Sul afastou-se do microfone da emissora da Rede Pampa. Ao voltar em junho, Sérgio Zambiasi foi saudado pelos ouvintes e por seus colegas, em especial por Amanda Block, de uma geração mais recente de bons profissionais, e Paulo Josué, outro gigante do rádio popular.
No dia 31 de agosto, saiu do ar a Rádio Pelotense, de Pelotas, até então a mais antiga em atividade no estado, posto que passou a ser ocupado pela Rádio Gaúcha, de Porto Alegre. Criada em 1925 como uma sociedade de ouvintes, a Pelotense foi a primeira a emplacar no Sul do país. Antes, na capital, organizou-se a efêmera Rádio Sociedade Rio-grandense. Foi um dos momentos mais tristes da história recente do rádio do Rio Grande do Sul. A “rádio show da metade sul” saiu do ar prometendo voltar em frequência modulada. Sua última hora de transmissão, no entanto, foi melancólica.
Eles já estiveram juntos ao microfone, abrindo as manhãs da maioria dos ouvintes do Rio Grande do Sul. Antônio Carlos Macedo seguiu no comando do Gaúcha Hoje e Daniel Scola enfrentou os desafios de comandar a própria Gaúcha e o programa mais influente do estado, o Gaúcha Atualidade.
No dia 2 de dezembro, Macedo completou 21 anos à frente do Gaúcha Hoje, atração que também comemorou 45 anos de transmissão. A quantidade de homenagens e o carinho do público comprovaram a importância do jornalista para o rádio do Rio Grande do Sul. Um dos melhores repórteres esportivos de sua geração, Macedo reinventou-se como apresentador, décadas atrás, apostando sempre no contato próximo com o ouvinte.
Já em 5 de dezembro, Daniel Scola recebeu o título de Cidadão de Porto Alegre, durante solenidade na Câmara de Vereadores. Mesmo que se desconsiderasse toda a trajetória anterior do Scola como âncora, comentarista, gestor e repórter, sua atuação apenas no ano de 2020 já seria suficiente para que recebesse todas as homenagens possíveis. No Sul do país, foi em torno do Daniel Scola e do seu Gaúcha Atualidade, na Rádio Gaúcha, que se organizou o principal foco de esclarecimento público, de combate ao negacionismo e de reconhecimento do papel da ciência nos meses iniciais da pandemia de covid-19.
Em 17 de agosto, quando do primeiro ano de seu falecimento, o mais importante narrador esportivo da história do rádio do Rio Grande do Sul ganhou um espaço na internet à altura de sua importância. Trata-se do Memória Ranzolin –http://memoriaranzolin.com.br.
Em 2023, o rádio e a comunicação choraram a partida de vários profissionais. Aqui, alguns deles: Olavo Carlos Wagner, fundador do jornal Panorama e diretor-geral das rádios Taquara FM, FM91 e 89,1 FM (7 de janeiro); Gilnei Mussi (Peteleco), gerente da Rádio Cultura AM 1030, de Canguçu (11 de janeiro); Luís Antônio Ribeiro Pires, fundador da revista Rua Grande e jornalista da Rádio São Leopoldo (9 de março); Cláudio Carvalho de Moura, o Gaúcho, da Rádio Cassino e, anteriormente, do Sistema Globo de Rádio (17 de março); Eduardo Brum, da Rádio Pampa (março); Lize Bayne, que trabalhou em rádio na antiga Difusora Porto-alegrense e na Gaúcha (26 de março); Mauro Vargas da Silva, locutor nas rádios Gaúcha e BandNews, além da TVCom e RBS TV (março); Oliver Weber, comunicador da extinta Pop Rock FM (15 de abril); Cícero Augusto, radialista que fez sucesso nas rádios Farroupilha e Gaúcha, de onde se transferiu para o centro do país, tornando-se muito conhecido como astrólogo (5 de maio); Irineu Volkweis (13 de junho), profissional com passagens pelas rádios América (Montenegro), Difusora (Porto Alegre), Imperial (Nova Petrópolis), Progresso (São Leopoldo) e Vale Feliz (Feliz), conhecido pelo bordão “Lindo, lindo”; César Manuel (7 de julho), da Caiçara e, anteriormente, da Rádio Estação Web; Edgar Pozzer (29 de julho), um dos principais cantores do estado e vencedor do concurso radiofônico Voz de Ouro ABC, realizado nos anos 1950, pelas rádios dos Diários e Emissoras Associados; Luiz Alberto Antunes Vargas (14 de agosto), o Betão, que atuou, entre outras emissoras, nas rádios Guarathan, Imembuí, Medianeira e Santamariense, de Santa Maria; Waldir Sudbrack (2 de setembro), ex-gerente da Rádio Passo Fundo, nos tempos das Emissoras Reunidas; Isnar Camargo Ruas (21 de outubro), ex-chefe de reportagem da Rádio Guaíba; Paulo Moreira (17 de dezembro), durante 20 anos, apresentador do Sessão Jazz, da FM Cultura, e ex-produtor dos programas Campo e Lavoura e Gaúcha Entrevista, nos anos 1980 e 1990, além de ter trabalhado em outros veículos; Sergio Schueler (19 de dezembro), uma das grandes vozes do Rio Grande do Sul, locutor com passagem pelas rádios Capital, Difusora, Guaíba e União, fora várias emissoras de TV; e Otília Souza, ex-repórter da Rádio Gaúcha, profissional de destaque na fase inicial do programa Campo e Lavoura.
Para ser cobrado: futuro do rádio passa por apostar na cidade, oferecendo também conteúdo on demand e sendo transmitido em real time com acréscimo de imagem e via streaming, além de se adaptar, de modo proativo, a softwares baseados em inteligência artificial. Quem não fizer isso não terá futuro.
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