Uma armação derruba a exclusividade da Farroupilha na
transmissão do Gauchão 1980
2014
Luiz Artur Ferraretto
Wianey Carlet versus segurança da Federação Gaúcha de
Futebol (22 de junho de 1980)
Fonte: Zero Hora, Porto Alegre, 23 jun. 1980. p. 38.
Parecia uma agressão, mas se tratava, de fato, de um baita
fingimento. O impacto garantiria a liberação das transmissões dos jogos do
Gauchão de 1980. O personagem da embromação: Wianey Carlet, então repórter da
Rádio Gaúcha. O palco: o Estádio Santa Rosa, em Novo Hamburgo, no intervalo de
um jogo na tarde de 22 de junho.
A Farroupilha, outrora a principal emissora do Sul do país,
estava mal das pernas naqueles tempos em que os Diários e Emissoras Associados,
antes poderosos, claudicavam. Ocorre, então, o que Flávio Alcaraz Gomes,
responsável pela emissora na época, define como “um lance de marketing em um
momento delicado para a rádio”. O diretor geral dos Associados no Rio Grande do
Sul, Estácio Ramos, acerta com o presidente da Federação Gaúcha de Futebol
(FGF), Rubens Freire Hoffmeister, a exclusividade nas transmissões dos jogos do
campeonato gaúcho daquele ano, pagando Cr$ 30 milhões, algo como US$ 580 mil,
uma pequena fortuna, a título de direito de arena.
No episódio, a Farroupilha acaba entrando em choque com a
Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão. A diretoria da Agert
mobiliza-se e obtém uma liminar para que os profissionais das estações ligadas
à entidade – no caso de Porto Alegre, Difusora, Gaúcha e Guaíba – possam entrar
no Estádio Santa Rosa, onde, no dia 22 de junho, o Esporte Clube Novo Hamburgo
enfrenta o Sport Club Internacional na abertura do Gauchão 80. O que acontece
naquele domingo ganha repercussão nacional. Antes da partida vencida por 2 a 0 pelo Internacional, o
repórter da Rádio Gaúcha Darci Filho é expulso de campo após conseguir
entrevistar alguns jogadores. Situação semelhante envolve João Garcia, da mesma
emissora, que tem ainda o fio do seu microfone cortado. Um segurança contratado
pela FGF protagoniza uma cena que patética, na qual se opõem, de um lado, um
funcionário da federação e, de outro, o repórter Wianey Carlet, também da equipe da Gaúcha. Ao
ser expulso, marotamente, Wianey joga-se no chão e parece ser arrastado pelo
seu instrumento de trabalho: o microfone. A cena rende fotografias marcantes,
além do efeito esperado pelos repórteres junto à opinião pública.
Na sequência, a Agert consegue derrubar em definitivo o
acordo entre os Associados e a Federação, que fica como o último lance de
impacto envolvendo a Farroupilha, ainda sob controle do grupo criado por Assis
Chateaubriand. A cassação, em 18 de julho de 1980, das concessões de parte dos
canais da Rede Tupi de Televisão, entre eles o da Piratini, de Porto Alegre,
reduz as possibilidades de reação do conglomerado empresarial.
Wianey Carlet (24
de abril de 2013)
Em entrevista ao programa Voz do Rio Grande, da Rádio Gaúcha, o jornalista relembra como foi
a agressão.
Fonte: Arquivo pessoal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Em breve, estaremos analisando a sua postagem. Grato pela colaboração.