Clóvis Dias Costa e o Ritmo
20
2014
Luiz Artur Ferraretto
No dia 18 de setembro de 1969, o Ritmo 20, com Clóvis Dias Costa, estreia na Continental. Antes, no
auge da Jovem Guarda, o comunicador conduz o Discoteca de Brotos no início das tardes da Rádio Porto Alegre,
então sob controle das Emissoras Reunidas, da família Ballvé. Quando o
radialista transfere-se para a estação das Organizações Globo, a programação é,
ainda, eclética, procurando atingir um público genérico, como Clóvis Dias Costa
explicou a Ângela Pinto e Denise Sueressig em 2001, numa entrevista para o
Projeto Vozes do Rádio da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul:
– A Continental, como todas as emissoras de rádio da época,
seguia uma espécie de um padrão conservador, do tipo tangos, boleros, Nelson
Ned, Moacyr Franco, Roberto Carlos, e olhe lá... E eu cheguei com uma proposta
de vanguarda. Eu queria tocar Donovan, Janis Joplin, Caetano, Maria Bethânia...
E é claro que foi um rebuliço. Foi um impacto na programação da Rádio
Continental.
De fato, o programa é o precursor do que seria, no futuro, a
emissora, voltando-se ao jovem. Assim, quando Fernando Westphalen chega, o Ritmo 20 mantém-se na programação.
Contrariando a ideia difundida em tom de gozação pela Continental, mas levado
muito a sério pelos programadores musicais, de que a 1.120 era a rádio “que não
tocava Roberto Carlos”, Clóvis Dias Costa segue tocando as canções do rei, dos tempos
da Jovem Guarda e até mesmo as da nova fase em que o mais popular cantor
brasileiro estava ingressando. O cantor chegaria a gravar uma vinheta para o Ritmo 20, aliás como outros artistas e
personalidades da música, da TV e até da literatura brasileiras: Chacrinha,
Chico Anysio, Elis Regina e Sandra Bréa. Nem o principal poeta do Rio Grande do
Sul, Mario Quintana, ficaria de fora. Nos anos 1980, com o comunicador já
integrado às emissoras em frequência modulada, entrariam os integrantes das
bandas Camisa de Vênus e Titãs. Na época, Clóvis Dias Costa já se dividia entre
a Universal FM e a TV Pampa. Realizava, ainda, a festa Top Jovem, criada nos
tempos da Continental, mas que ganhava força com a televisão e reunia milhares
de jovens em clubes de várias cidades do estado. Mais tarde, na TV Guaíba,
apresenta o Tele Ritmo.
Uma característica central seria mantida pelo comunicador ao
longo do tempo, como destacou na entrevista ao Vozes do Rádio:
– No meu programa, muita coisa não foi alterada, porque eu
sempre tive um estilo de comunicação meio conservador, eu nunca fui um cara
estereotipado. Nunca usei pseudônimo, eu sempre fui eu. Nunca tive apelido, até
porque eu acho que isso não permanece. Ao menos, a mim, não agrada, não faz meu
estilo. Porque os personagens são passageiros, e os nomes próprios tendem a
permanecer. A televisão norte-americana, por exemplo, é o segmento mais
conservador do mundo. E quem faz telejornalismo nos EUA são locutores
tradicionais, com no mínimo 50 anos de idade. Na Grã-Bretanha e na Europa, é a
mesma coisa. O Ritmo 20, por exemplo, nasceu inspirado em um programa
levado ao ar na Rádio BBC de Londres, o Ritmo 69, apresentado pelo
Miguel Carlos, que fazia um programa jovem, mas era um cara que tinha uns 40,
50 anos, e deu muito certo. O Ritmo 20, assim como todos os meus
programas, teve um estilo não conservador, mas discreto.
Clóvis Dias Costa segue na ativa, apresentando o programa Sintonia Fina, no canal 20 da Net em
Porto Alegre.
Vinheta do programa Ritmo
20 (anos 1970)
Fonte: Acervo particular de Francisco Anele Filho.
Vinheta gravada por Chacrinha para o Ritmo 20 (anos 1970)
Fonte: Projeto Vozes do Rádio (PUC/RS).
Vinheta gravada por Chico Anysio para o Ritmo 20 (anos 1970)
Fonte: Projeto Vozes do Rádio (PUC/RS).
Vinheta gravada por Elis Regina para o Ritmo 20 (anos 1970)
Fonte: Projeto Vozes do Rádio (PUC/RS).
Vinheta gravada por Roberto Carlos para o Ritmo 20 (anos 1970)
Fonte: Projeto Vozes do Rádio (PUC/RS).
Vinheta gravada por Sandra Bréa para o Ritmo 20 (anos 1970)
Fonte: Projeto Vozes do Rádio (PUC/RS).
Vinheta gravada por Mario Quintana para o Ritmo 20 (anos 1970)
Fonte: Projeto Vozes do Rádio (PUC/RS).
Vinheta gravada por Marcelo Nova e Karl Hummel, do Camisa
de Vênus, para o Ritmo 20 (anos 1980)
Fonte: Projeto Vozes do Rádio (PUC/RS).
Vinheta gravada pelos Titãs para o Ritmo 20 (anos 1980)
Fonte: Projeto Vozes do Rádio (PUC/RS).
TEMPO DO RADIO VERDADEIRO, SEM PSEUDO APRESENTADORES E PEGANDO POUCO " TERCEIRAS INTENÇÕES " VALE SEMPRE RELEMBRAR, COISAS DO TEMPO EM QUE " NÓS ÉRAMOS FELIZES E NÃO SABÍAMOS " FALEI !!!
ResponderExcluirObrigado! Abraços.
ResponderExcluirOuvi p ritmo 20 desde 1978 ouvi lindas músicas no progra Clóvis Dias Costa.Tenho saudades daqueles tempos.
ResponderExcluirParticipei de uma festa top jovem no cantegril , em Viamão.inesquecivel.
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