Armindo Antônio Ranzolin e o futebol das tardes de domingo na Guaíba
2005
Luiz Artur Ferraretto


A equipe de esportes da Rádio Guaíba (1983)
Fonte: RÁDIO GUAÍBA AM. Grêmio campeão da América rumo a Tóquio. Porto Alegre, 1983. Encarte do LP.

A voz de dicção perfeita de Armindo Antônio Ranzolin, de qualidades profissionais acentuadas pela precisa narração lance a lance, fica suspensa no ar quando o plantão de estúdio interrompe de forma quase peremptória:

– Tem gol, Ranzolin!

– Onde, Antônio Augusto?

O diálogo repetido centenas de vezes marca a memória dos ouvintes do rádio esportivo do Sul do país que viveram as tardes futebolísticas de domingo nos anos 1970, ouvido colado ao radinho de pilha, seja no estádio, seja em todos os cantos onde o sinal da Rádio Guaíba alcançava. A qualidade das irradiações da emissora da Caldas Júnior é, na época, um poderoso consolo para quem é torcedor do Grêmio e sofre com as sucessivas vitórias do Internacional ou, em 1977, quando a situação inverte-se um pouco, para os que penam com as agruras do Colorado.

Da superequipe da Guaíba na época ainda fazem parte nomes como Ruy Carlos Ostermann, comentarista que embasa seus argumentos, analisando a partida pelo número de arremates a gol, de chutes, de jogadas bem ou mal finalizadas, de escanteios cobrados ou cedidos, de faltas etc. Enfim, uma série de detalhes cuidadosamente planilhados que podem ser resumidos em uma única palavra: informação. Bacharel em Filosofia, Ruy leva também bagagem cultural ao ambiente esportivo, sem deixar de conferir caráter jornalístico a suas opiniões. Já Lauro Quadros, que desde 1969 ocupa o posto de comentarista, consagra expressões como “esse conhece o rengo sentado e o cego dormindo” ou “ele sabe a cabeça que tem piolho”, para definir profissionais ou elogiar um lance de brilhantismo; “ali é o caminho da roça”, indicando uma área do campo de marcação deficiente do adversário, por onde um time pode chegar ao gol; ou “é isto aí mais meio quilo de farofa”, forma de encerrar um raciocínio. O time se completa, entre outros, com repórteres como João Carlos Belmonte e Lasier Martins.

A partir de 1983, com a crise financeira das empresas da família Caldas Júnior, quase todos estes profissionais passam pela Gaúcha e a Guaíba busca em novos valores a sua recuperação. São eles que vão marcar a memória das décadas seguintes, em especial quando Luiz Carlos Reche assume a chefia do Departamento de Esportes, mas isto já é outra história.


Armindo Antônio Ranzolin abrindo a Jornada Esportiva Ipiranga (1973)
Fonte: Acervo particular.

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