Salimen Júnior, o animador-galã
2005
Luiz Artur Ferraretto
José Salimen Júnior (1957)
Fonte: Revista TV, Porto Alegre, ano 3, p. 21, jun.
1957.
Uma das revelações do prêmio Melhores do Rádio, em 1955, José
Salimen Júnior destaca-se, na segunda metade da década de 1950, como ator nas
novelas da PRH-2, repetindo o sucesso já verificado no seu início de carreira
em Pelotas. É da Zona Sul do estado que chegam centenas de cartas, no ano
seguinte, garantindo, em uma promoção da Farroupilha, a escolha dele como
animador do programa Só Para Mulheres, nas tardes de domingo, em que
divide a apresentação com Nelita Aguiar. Em junho de 1957, sem deixar claro para
o público, a direção da rádio vai preparando Salimen para substituir Maurício
Sobrinho, “o homem do nariz inconfundível”, animador das tardes de sábado que
está por assumir a direção da concorrente Rádio Gaúcha. Assim, nas semanas
anteriores à saída do futuro fundador do Grupo RBS, Salimen Júnior apresenta
pequenos quadros, faz intervenções e brinca com o auditório no Programa Maurício Sobrinho. Na
divulgação do Vesperal Farroupilha,
a nova atração das tardes de sábado, na própria emissora e no Diário
de Notícias, o radialista já se transforma no “animador-galã”, como passa a
ser identificado, aproveitando o sucesso junto ao público feminino e a
indicação como melhor galã de 1956, empatado com Ernani Behs, conforme também o
concurso Melhores do Rádio da Revista TV.
Anúncio do Vesperal Farroupilha (1957)
Fonte: Acervo particular de José Salimen Júnior.
Na estrutura, o Vesperal Farroupilha pouco difere do
seu antecessor, o Programa Maurício Sobrinho, com a presença de cartazes
do centro do país constituindo-se no principal momento do espetáculo oferecido
aos ouvintes. Atrações de auditório deste porte, no entanto, demandam, então,
um investimento significativo, com os cachês pagos a alguns artistas podendo
chegar ao equivalente a US$ 4,000.00 (quatro mil dólares). Daí, pode-se
entender o retorno comercial e o impacto junto ao público destas apresentações
em Porto Alegre, como recorda o próprio José Salimen Júnior:
– Na realidade, o fim de semana em Porto Alegre, no Rio Grande
do Sul, era uma festa. A Farroupilha, comigo, fazia uma festa no sábado. No
domingo, o Maurício na Gaúcha fazia outra festa. Então, o povo tinha certa esta
alegria no fim de semana.
No caso do Vesperal, para garantir esta festa no
Auditório Associado, a rotina de produção inclui reuniões entre o apresentador
e o produtor Abel Gonçalves, além de contatos constantes com o diretor
artístico Ruy Rezende, mantendo um planejamento mínimo de 15 dias de
antecedência em relação, especialmente, aos artistas do Rio de Janeiro e de São
Paulo. Por exemplo, quando o programa completa três anos, em meados de 1960, a PRH-2 organiza uma
grande comemoração no ginásio do Grêmio Náutico União, com a presença, entre
outros, de Agostinho dos Santos, Germano Mathias e Maysa, além da orquestra de
Henrique Simonetti. Do cast da emissora, apresentam-se Pinguinho e
Walter Broda.
Cinejornal da Leopoldis Som (1960)
Fonte: Acervo particular de José Salimen Júnior.
Para fazer frente ao Vesperal Farroupilha, em 1961, a Gaúcha contrata o Programa
Julio Rosemberg, também apresentado, em dias alternados, nas cidades de São
Paulo e Curitiba. Natural de Pelotas e radicado na capital paulista desde o
início dos anos 1950, o radialista faz sucesso, então, abrindo espaço para
novos valores musicais que surgem sob a influência do rock de origem anglo-americana. De fato, Rosemberg, nos anos
seguintes, vai se consagrar como um dos principais incentivadores da Jovem
Guarda.
Como resposta, para reforçar a audiência em função do Programa
Julio Rosemberg, a direção dos Diários e Emissoras Associados no Rio Grande
do Sul decide pela transmissão do Vesperal Farroupilha em conjunto com a
TV Piratini, estratégia bem-sucedida, uma vez que a Gaúcha ainda está montando
o seu canal de televisão, inaugurado somente em dezembro de 1962. É Salimen,
ainda, que, trocando de emissora, vai conduzir o último grande programa de
auditório do estado:
– Quando eu me transferi para a Gaúcha, o Maurício não queria
mais fazer o programa dele. Então, lançou o MS, “M” de Maurício e “S” de
Salimen, que começamos apresentando juntos. Aí, eu fiz um ano sozinho, de 1963 a 1964.
Em seus últimos tempos, o Programa MS, das 10 às 12h de
domingo, ocupa um auditório de 500 lugares montado pela Rádio Gaúcha, em 1964,
nos altos do Cinema Baltimore, na avenida Osvaldo Aranha. O espaço já evidencia
a decadência deste tipo de atração no rádio do estado: acanhado, na comparação
com o do Cinema Castelo, e simples em relação às antigas instalações do
Edifício União.
José Salimen Júnior
Entrevista realizada por Luiz Artur Ferraretto em 19 de junho
de 2001
José Salimen Júnior
Fonte: CALENDÁRIO Pepsi-Cola. Revista TV, Porto Alegre, p. 2, nov. 1958. Anúncio.
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