Luiz Mendes
e o velho Carruíra: uma história familiar
2013
Luiz Artur Ferraretto
Carruíra, na Zona Sul do estado, é o nome dado ao passarinho
de bico relativamente grande que, em outras regiões, chamam de corruíra. Como
apelido, identificou meu tio João Baptista Ferrareto, assim mesmo com um “T” a
menos por erro de um escrivão qualquer na hora em que meu avô foi registrá-lo
no cartório em Rio Grande. Na década de 1930, Carruíra – o meu tio João – jogou
no Sport Club Rio Grande e no Football Club Rio-grandense, sagrando-se campeão
do estado por um e por outro. Eu, guri metido, tinha certa desconfiança em relação
ao papo do velho, bom contador de estórias e de histórias, com dose significativa
de malícia e sacanagem. Em especial, cresci com um daqueles causos soando como
lenda. Lenda ampliada pelo meu primo Alberto. Cada vez que passava uns dias na
minha casa, em Rio Grande, ele insistia: havia ouvido na Rádio Globo, lá do Rio
de Janeiro, “aquela história”. Eu, de fato, duvidava. Primeiro, porque não
conseguia acreditar, mesmo que, à noite, na possibilidade da emissora carioca
ser captada em Santa Maria, lá onde meu primo morava, na região central do Rio
Grande do Sul. Segundo, porque “aquela história” era das mais improváveis e
absurdas. Só podia ser algum tipo de lorota, das sem consequências, mas lorota.
Na certa. Parecia coisa de um Peregrino Fernández, personagem cheio de trampas do
escritor e jornalista argentino Osvaldo Soriano. Mas eu só leria as peripécias
desse craque imaginário anos depois.
Pois “aquela história” só iria soar verdadeira mesmo na noite
de 23 de maio de 2011. No início da tarde, a professora Sandra de Deus, minha
colega na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, convidou-me para a
palestra que o comentarista Luiz Mendes, da Rádio Globo, daria na
especialização por ela coordenada em Jornalismo Esportivo. E não é que era ele
o tal jornalista a contar “aquela história” ao microfone da Globo. O áudio da
palestra, cedido pelo jornalista e ex-aluno meu dos tempos da Universidade
Luterana do Brasil, Roger Bell, confirma o meu espanto... Ah, e se você quer
saber qual é “aquela história”, quem sou eu para contá-la no lugar de Luiz
Mendes. De quebra, uma dedicatória na biografia do Luiz Mendes escrita por Ana
Maria Pires, livro que, aliás, recomendo a quem se interessa por rádio e por
futebol.
Luiz Mendes (24 de maio de 2011)
Fonte: Acervo particular de Roger Bell.
Fonte: Acervo particular.
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