Enio Melo e o Pan-Americano de Futebol de 1956
2006
Luiz Artur Ferraretto
Enio Melo (anos 1950)
Fonte: Nomes
que fizeram a imprensa gaúcha. Porto Alegre: Press & Advertising, n. 2, p. 43, set. 2003.
De forma muito oportuna, Eduardo Erdmann Vals recupera, no
livro 1956 – Uma epopeia gaúcha no México,
o papel do então comentarista da Rádio Gaúcha e redator de esportes do jornal A Hora, Enio Melo, na participação de um
combinado do Rio Grande do Sul no Pan-Americano de Futebol, disputado no México
naquele ano. Como está descrito na obra publicada em 2005 pela WS Editor, de
Porto Alegre, o radialista e jornalista, natural da cidade de Lagoa Vermelha,
foi fundamental, de fato, para que o estado representasse o país neste certame
internacional. Enio Melo deu a ideia ao presidente da Federação Rio-grandense
de Futebol, Aneron Correa de Oliveira, que convenceu os dirigentes da
Confederação Brasileira de Desportos. Pouco tempo depois, de forma invicta, os
jogadores daquele selecionado conquistavam o título em terras mexicanas, o
primeiro vencido com o uniforme canarinho, usado então há apenas dois anos e,
por coincidência, criação do gaúcho de Jaguarão Aldyr Garcia Schlee. Por si só,
isto já garantiria um lugar de destaque para Enio Melo na crônica esportiva do
Rio Grande do Sul. Mais do que tudo, foi ele quem consolidou a figura do
comentarista nas transmissões esportivas do Rio Grande do Sul, analisando
aspectos táticos, destacando ou criticando o desempenho individual do jogador
ou do time em conjunto.
Nas edições de 1955 e 1956 do concurso Melhores do Rádio,
organizado pela Revista TV, a
principal premiação existente na época no estado, Enio Melo aparece como o
principal comentarista esportivo gaúcho. Não se limitando a isto, quando se
transfere para a PRH-2 – Rádio Farroupilha, contribui, também, para a
introdução do repórter na transmissão dos jogos de futebol. Esta prática vai
tornar obsoleta a chamada narração em diagonal. Para tal, auxilia também o
aprimoramento da estrutura física dos estádios, cujo fator principal é a introdução
das cabinas de transmissão. Até então, a irradiação ocorre a partir da beira do
gramado: um dos narradores posiciona-se de um lado e o outro, na sua diagonal,
à esquerda, cabendo a cada um descrever os lances da metade do campo de jogo a
sua frente. A alternância ocorre no momento em que a bola atravessa a linha
divisória. O repórter de campo passa a dar o detalhe do lance.
Em 1959, transforma-se em profissional de televisão com a
inauguração da TV Piratini, canal 5 de Porto Alegre. Passa a ser, então,
apresentador e entrevistador, participando, por vezes, de um dos mais
conhecidos programas esportivos da capital gaúcha, o Conversa de Arquibancada. Consolida-se como um dos primeiros profissionais
multimídia do Sul do país. De 1960
a 1976, mantém a coluna Grande Área no jornal Diário de Notícias. Na década de 1980,
trabalha nas rádios Gaúcha e Difusora (depois, Bandeirantes). Em 1990, com
diagnóstico de câncer, vai morar em Capão da Canoa, no litoral norte do estado.
Lá, trabalha na Rádio Horizontes AM. Sua última participação radiofônica
acontece na emissora, coordenando as eleições de 2000. No ano seguinte, o rádio
do Rio Grande do Sul perde Enio Melo.
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