Nestor
José Gollo, pioneiro do rádio caxiense
2013
Marcell
Bocchese
Professor do
Centro de Comunicação da Universidade de Caxias do Sul
O protagonismo empresarial da comunicação pelas ondas do rádio
em Caxias do Sul é dividido entre grandes personagens. Pessoas que, na segunda
metade dos anos 1940, já vislumbravam, em terras serranas, um futuro para o
veículo de comunicação mais importante das primeiras décadas do século 20. O
rádio, à época, já era um meio de comunicação consolidado nos grandes centros
do país. Graças aos esforços de empreendedores como Arnaldo Ballvé (pioneiro
também da radiodifusão em outras cidades do interior do estado), Joaquim Pedro
Lisboa e Luiz Napolitano, Caxias do Sul já possuía, aos primeiros meses de
1946, uma emissora de rádio, a Rádio Caxias do Sul. Ballvé, Lisboa e Napolitano proporcionavam, assim, condições para
que, com muito talento e dedicação, diversos personagens emergentes do rádio
pudessem ser ouvidos. Vozeirões que eram irradiados pelo transmissor da
pioneira ZYF-3, instalado aos fundos do prédio do Recreio Guarany, na avenida
Júlio de Castilhos, 987. Um desses talentos era Nestor José Gollo.
Passados os primeiros meses de atividades no ar, a Rádio
Caxias do Sul já necessitava de mais profissionais. Assim, no princípio de
agosto de 1946, Nestor Domingos Rizzo, um dos gerentes da emissora, realiza um
concurso para angariar novos talentos do microfone. Aprovado por unanimidade
entre uns 90 candidatos do Concurso Novas Vozes, o jovem Nestor Gollo, que já
atuara nos serviços de alto-falantes da então praça Ruy Barbosa (origem da
pioneira ZYF-3), dá início oficialmente a sua carreira que, no futuro, muito
contribuirá para o jornalismo caxiense.
Entre ruídos e interferências, baixa qualidade típica das
primeiras transmissões de pequenas emissoras de rádio da época, muitos lares de
Caxias do Sul passam a sintonizar uma das mais importantes vozes do rádio do
interior do Rio Grande do Sul. Gollo, aos 19 anos, dá o pontapé inicial do
rádio esportivo na Serra gaúcha, ao criar o Esportes
na Onda, no ar desde o final de 1946 e, portanto, o programa mais antigo do
gênero no Rio Grande do Sul. Um gol de placa. Formador de opinião e agitador do
esporte local, Gollo permaneceu por cerca de uma década à frente do programa,
onde dividia o microfone com outra lenda do radiojornalismo caxiense, Dante
Baptista Andreis. Foram emblemáticas para o rádio de Caxias do Sul as narrações
ao vivo feitas por Gollo do estádio
dos Eucaliptos, na capital Porto Alegre, de partidas da Copa do Mundo de 1950.
Era o mundo esportivo da cidade, do estado e do país – com grande destaque ao
futebol profissional e amador caxiense –, que estava no ar pelas ondas da Rádio
Caxias.
Gollo era audiência certa, tanto nas jornadas esportivas,
quanto nos momentos de reflexão proporcionados pelo programa Ave Maria, pontualmente irradiado às
seis da tarde. Caxias do Sul, cidade de imigração italiana e de presença forte
da Igreja Católica, parava em frente do aparelho de rádio que reinava, então,
absoluto na maioria das casas e estabelecimentos da cidade.
Nestor Gollo (1952)
Fonte: RODRIGUES, Jimmy. A
voz e a palavra: o fluir da vida sob o olhar do cronista. Caxias do Sul: Belas
Letras, 2008. p. 228.
Nestor José Gollo lê anúncio para dedicatórias (anos 1940)
Fonte: Acervo da Rádio Caxias.
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