Atahualpa Dias e a Organização Rádio Cultura
2013
Luiz Artur Ferraretto

Instalada em 1933, a Sociedade Difusora Rádio Cultura de Pelotas Ltda., de Atahualpa Dias, vai usar laços políticos e muita habilidade empresarial para dar origem ao primeiro grupo de comunicação voltado à radiodifusão no Rio Grande do Sul. De novembro de 1937 a dezembro de 1945, a presença de um pelotense, o general João de Mendonça Lima, no Ministério da Viação e Obras Públicas facilita as concessões para o que, gradativamente, se conforma como a Rede Rádio Cultura do Sul do Rio Grande.

A instalação da segunda estação do grupo exemplifica bem as relações que se estabelecem com o ministro.  Em 1936, Bolivar Frazão, do Centro de Cultura Rio-grandino, entra com um pedido para que Rio Grande tenha também a sua emissora. A Comissão Técnica de Rádio, no entanto, indefere a solicitação, alegando a proximidade com Pelotas, onde operam duas estações; a inexistência de canal previsto para a cidade; e a população inferior a 100 mil habitantes. No dia 14 de março de 1942, no entanto, já com vários parentes de Mendonça Lima na direção do centro, entra no ar oficialmente a ZYC-3 – Rádio Cultura Rio-grandina. Na sequência, são instaladas emissoras em Bagé, Sant’Ana do Livramento e Jaguarão.

Anúncio da Rede Rádio Cultura do Sul do Rio Grande (1951)
Fonte: Revista do Globo, Porto Alegre, ano 23, n, 549, p. 91, 8 dez. 1951.

Na primeira metade dos anos 1950, conforme registra o Anuário de Rádio, publicado no Rio de Janeiro, a Cultura de Pelotas, transmitindo em 1.340 kHz e com potência de 1 kW, possui três estúdios, auditório próprio, um pequeno elenco de radioteatro e uma orquestra com oito músicos. Do seu acervo, fazem parte 10 mil discos, acrescidos de mais 350 a cada mês. Em meados de 1956, adotando a denominação genérica Organização Rádio Cultura, e dirigido por Atahualpa Dias, Martial Dias e Cândido Monti, o grupo prepara-se para instalar estações em Santa Vitória do Palmar e Canguçu. Com apresentações de Dóris Monteiro e Cauby Peixoto, é inaugurado, na mesma época, o Palácio do Rádio, novo prédio da Cultura de Pelotas, emissora que já transmite com 5 kW.

O Palácio do Rádio, da Cultura de Pelotas (1956)
Fonte: Revista do Globo, Porto Alegre, ano 27, n. 672, p. 59, 8-21 set. 1956.


Na segunda metade dos anos 1960, após a morte de Atahualpa Dias, a Organização Rádio Cultura chega a ser oferecida para empresários como Breno Caldas, Maurício Sirotsky Sobrinho e Frederico Arnaldo Ballvé. As dívidas com ex-funcionários e com a Previdência Social inviabilizam estas negociações e as emissoras acabam sendo negociadas, gradativamente, uma a uma, desestruturando aquele que foi o primeiro grupo a possuir várias estações no Rio Grande do Sul.

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