Cléo
Kuhn e a previsão do tempo da Gaúcha
2018
Luiz Artur Ferraretto
Os franceses usam uma expressão
interessante – “Parler de la pluie et du beau temps”, ou “Falar da chuva e do tempo” – para definir aquela conversa sem rumo
e sobre fatos corriqueiros, sem grande interesse ou importância. É o tipo de
papo de quando você entra em um táxi e/ ou se depara com um desconhecido e
preenche aquele momento com uma conversa vazia. E foi mais ou menos isso que
aconteceu. O sujeito pegou um táxi. O motorista puxou papo algo inconformado
com a previsão do tempo do meteorologista Cléo Kuhn que, desde o final da
década de 1980, é conhecido por seu trabalho ao microfone da Rádio Gaúcha.
Destaque-se que o trabalho do Cléo se chama “previsão” e não “certeza
absoluta”.
– Se eu fosse o Cléo
Kuhn, eu ia procurar dar uma informação mais correta sobre se vai chover ou se
vai fazer sol – insistia o motorista, invariavelmente retomando a conversa com
frases iniciadas por esse “Se eu fosse o Cléo Kuhn...”.
Atento e cortes, o
passageiro, por vezes, com um sorriso enigmático, foi ouvindo tudo, meio que
concordando com o motora. Ao chegar em seu destino, após pagar, despediu-se,
rindo:
– Olha, como eu sou o
Cléo Kuhn, vou considerar o que tu me disseste...
E saiu, tranquilo, do
carro.
Não sei se o relato é verdadeiro,
está precisamente descrito ou se trata de uma invenção do motorista de táxi que
me contou essa história (ou estória). O tempo todo, ele me garantiu que tinha
acontecido com um colega de ponto, acho que nas proximidades do Hospital de
Pronto Socorro, aqui de Porto Alegre. Fiquei desconfiado que ocorrera com ele.
Certo ou errado, serve para descrever a importância da meteorologia no dia a
dia de todos os ouvintes. Por extensão, dá uma ideia da importância de Cléo
Kuhn para o público da Gaúcha.
Curiosamente, embora
nunca tenha falado com ele, assisti, quando eu era repórter, a sua descoberta como profissional de rádio.
Não lembro se havia uma longa estiagem ou um período igualmente de vários dias
com chuvas torrenciais. Luciano Klöckner, editor da manhã da Gaúcha, ligou para
o 8º Distrito de Meteorologia. Foi muito bem atendido pelo Cléo, profissional
que acertou na mosca as alterações climáticas dos dias seguintes. Pouco depois,
Mágda Cunha, então produtora do Programa
Lauro Quadros, pediu ao Luciano alguma indicação de alguém que pudesse
falar sobre a situação do clima. Habilidoso e inteligente, Lauro soube explorar
o potencial do Cléo, que começou a frequentar por telefone o programa, sendo,
mais tarde, contratado pela emissora.
Hoje, Cléo Kuhn é uma
das atrações em termos de serviço da Gaúcha. No início da manhã, conversando
com Antônio Carlos Macedo, o meteorologista é aguardado pelos ouvintes. Suas
recomendações no Gaúcha Hoje são
fundamentais para o público. Em tempos convergentes, Cléo Kuhn é figura
frequente nos vídeos e nas interações do programa via redes sociais.
Antônio Carlos
Macedo, Cléo Kuhn e a chuva (janeiro de 2018)
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