Rádio Rural e o projeto de segmentação em agrobusiness do Grupo RBS
2015
Texto atualizado em 2019.
Luiz Artur Ferraretto

Anúncio da festa de lançamento da Rádio Rural (dezembro de 1999)
Fonte: Zero Hora, Porto Alegre, 15 dez. 1999. p. 57.

Escudada no sucesso de iniciativas como os programas Galpão do Nativismo, na Rádio Gaúcha, e Galpão Crioulo, na RBS TV, ambos então apresentados por Nico Fagundes, o Grupo RBS volta-se para o segmento regionalista em 1999. Assim, em 18 de dezembro daquele ano, entra no ar a Rural AM, nos 1.120 kHz, anteriormente ocupados pela CBN, que se transfere para os 1.340 kHz, frequência até então da Educadora, parceria do grupo com a Fundação Educacional Padre Landell de Moura (Feplam). A nova estação surge, portanto, com 50 kW de potência. Da equipe inicial, fazem parte alguns músicos ligados ao regionalismo gaúcho, como Ernesto Fagundes, Luiz Carlos Borges, Maria Luiza Benitez, Nico Fagundes e Rui Biriva. A rádio, como registra, no dia 15 de novembro de 1999, o jornal Zero Hora, trabalha em colaboração com o Canal Rural, também pertencente, na época, à família Sirotsky, especializado em agronegócios e integrante do pacote das TVs por assinatura Net e Sky.
Além de preservar a tradição, a nova emissora vai dar espaço ao neo-regionalismo, dentro de uma visão contemporânea. A informação também é prioridade. Boletins com a cotação de produtos agrícolas, meteorologia e agrobusiness serão transmitidos de hora em hora. Para obter as notícias, a Rádio Rural conta com redação própria e também vai trabalhar em sinergia com o Canal Rural.
Para marcar o início das transmissões, a RBS promove um espetáculo de música gauchesca no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, a antiga estância da Harmonia, ponto habitual de concentração de tradicionalistas na capital gaúcha. A escolha dos artistas convidados já demonstra um certo ecletismo, reunindo vertentes rurais e urbanas, telúricas e dançantes, do regionalismo da família Fagundes à tchê music de grupos como Tchê Barbaridade.
Em 2001, ampliando a atuação da rádio para o ramo de agronegócios, a programação é alterada, criando, ainda, a Rede Rural Sat, mesclando jornalismo especializado, serviços e música regionalista, com predominância do nativismo, uma vertente de raiz telúrica, mas com abertura para sonoridades e temas contemporâneos. Chegam a retransmitir o sinal de 14 estações da Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A iniciativa, no entanto, vai ser descontinuada.
Ao longo da década seguinte, gradativamente, o Grupo RBS desinteressa-se pelo segmento. O ápice do processo é o repasse do Canal Rural, em 2013, para a holding J&F. No caso específico da Rádio Rural, a emissora vai seguir sob o controle da família Sirotsky, sofrendo com a falta de investimento e a acelerada redução de audiência das estações em amplitude modulada. Depois de um período com a programação reduzida a um play-list de música gauchesca, a emissora terminou sua trajetória de forma drástica. Em 2018, a outorga foi devolvida pelo Grupo RBS ao governo federal. 

Vinheta da Rádio Rural (março de 2000)
Fonte: Acervo pessoal.


Chamada do programa Um Canto Rural (março de 2000)
Fonte: Acervo pessoal.

Abertura de A Hora do Mate (março de 2000)
O cantor nativista Ernesto Fagundes apresentava o programa que ia ao ar às 17h, de segunda a sexta-feira.
Fonte: Acervo pessoal.

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