Alguns grupos de rádio do interior na virada para o século 21
2018
Luiz Artur Ferraretto

Quando o século 21 chega, chamam a atenção alguns grupos de comunicação que operam emissoras de rádio no interior do Rio Grande do Sul. É o caso, por exemplo, do Grupo Independente, de Lajeado; do Grupo Editorial Sinos, de Novo Hamburgo; da Empresa Jornalística Diário da Manhã, de Passo Fundo; da Gazeta Grupo de Comunicações, de Santa Cruz do Sul; e da Rede Tchê de Comunicação, com operações em várias cidades, mas com sede em Porto Alegre.

Sede do Grupo Editorial Sinos, em Novo Hamburgo (1999)
Fonte: Grupo Editorial Sinos.

Iniciativa dos irmãos Paulo Sérgio e Mário Alberto Gusmão, em 20 de dezembro de 1957, um pequeno jornal quinzenal circula em São Leopoldo, tendo por título as iniciais da cidade e dando origem à maior empresa de comunicação do interior do estado: o Grupo Editorial Sinos, com sede em Novo Hamburgo. No início do século, mantinha os diários NH, em Novo Hamburgo; VS, em São Leopoldo; e Diário de Canoas, em Canoas, além do semanário ABC Domingo, que circulavam na Região Metropolitana, além de periódicos voltados ao setor coureiro-calçadista. Em rádio, a família Gusmão operava, na época, duas estações, ambas com a denominação ABC.

Página da Rádio Diário da Manhã AM, de Passo Fundo (2000)
Fonte: Grupo Editorial Sinos.

Já a Empresa Jornalística Diário da Manhã, de Passo Fundo, atuava no Planalto Médio e no Alto Uruguai, do lado do Rio Grande do Sul, e no Oeste de Santa Catarina, ultrapassando a fronteira gaúcha. A partir do Diário da Manhã, fundado em 1935 por Túlio Fontoura, o grupo expandira-se, de 1979 a 1986, com o jornal circulando com edições diferentes voltadas às regiões de Carazinho, Erechim, Passo Fundo e Chapecó. Em 1981, inaugurava a primeira emissora de rádio, junto à sede da empresa, a Diário da Manhã FM. Em setembro de 2002, somavam-se a ela mais duas estações, até então controladas pela família Proença.

Material de divulgação da Rádio Gazeta AM (2000)
Fonte: Acervo particular.

Já a Gazeta Grupo de Comunicações originou-se de um jornal, a Gazeta de Santa Cruz, lançada em 26 de janeiro de 1945, atual Gazeta do Sul. No dia 28 de maio de 1980, a atuação da empresa estendeu-se para a radiodifusão sonora, com a inauguração da Gazeta AM, voltada às notícias e ao esporte da região, além de veicular música. Três anos depois, com a mesma denominação, entrou no ar uma estação FM. Ao longo do tempo, outras estações vão se somar ao grupo, além de novos empreendimentos, como o portal GAZ.
Há que se destacar, ainda, alguns empreendimentos localizados que chamam a atenção por características muito particulares, a reforçar a ideia de diversidade presente no interior gaúcho. É o caso do Grupo Independente, de Lajeado, de forte vinculação ao município onde opera, na época, duas estações – a Independente AM, que faz jornalismo regional, cobrindo os fatos do Vale do Taquari, e a Tropical FM, dedicada à música jovem. Um exemplo desta aproximação aparece, na época, com o CD DemoTropical FM, somente com grupos locais, do rock ao pagode, lançado em 2004 pela estação em frequência modulada da empresa.

Capa do CD DemoTropical FM (2003)
Fonte: Acervo particular.

Considerando a origem histórica, bem mais antiga é a Rede Tchê de Comunicação. Herdeira do legado das Emissoras Reunidas, da família Ballvé, passou a operar como Rede Comunidade, quando Nelson Luiz Proença Fernandes assumiu o negócio, dividindo-se entre suas atividades empresariais e políticas. Em 1999, contratou Fernando Vieira, que assumiu a direção com planos de dobrar o número de emissoras até meados do ano seguinte. Operando 10 AMs e uma FM, seis empresas compunham, então, a rede: Emissoras Reunidas Ltda., Rádio Alto da Serra Ltda., Rádio Alto Taquari Ltda., Rádio Progresso Ltda., Rádio São Gabriel Ltda. e Sociedade Rádio Sinuelo Ltda. Segundo Vieira, a situação delas exigia um investimento inicial de R$ 800 mil, o equivalente, na época, a US$ 475 mil.
No segundo semestre de 1999, chegaram a ser instalados estúdios em Porto Alegre e Brasília, pretendendo começar uma operação em rede. Esboçaram-se negociações para a aquisição de estações em Bagé, Canguçu, Pelotas e Sant’Ana do Livramento. Entretanto, não prosperaram as tentativas de inserir outros parceiros no negócio, capitalizando o grupo.
Não alcançadas as pretensões iniciais, várias das emissoras serão comercializadas. Chega-se a anunciar o fim das operações da Rede Comunidade a partir de meados de 2002, o que, de fato, não se efetiva. Em julho de 2003, ocorreu nova tentativa de reestruturação, quando foi adotado o nome fantasia de Rede Tchê de Comunicação.

Logotipo da Rede Comunidade (1999)
Fonte: Acervo particular.

Vinheta da Rádio Santa Cruz, integrante da Rede Comunidade (1999)
Fonte: Acervo particular.

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