Guerrilheiros da Notícia: o clube inglês de Flávio
Alcaraz Gomes
2008
Por uma questão pessoal – a saudade do Flávio, figura muito querida –,
mantive o texto original, inicialmente publicado no Caros Ouvintes – http://www.carosouvintes.org.br.
Luiz Artur Ferraretto
Flávio Alcaraz Gomes no comando do Guerrilheiros da Notícia (2006)
Fonte: Acervo particular.
O jornalista Flávio Alcaraz Gomes gosta de lembrar os tempos
em que a redação do jornal Correio do
Povo, na esquina da Caldas Júnior com Andradas, era como um clube inglês,
um local de conversas, de baforadas de cigarros, de olhares partindo dos
balcões do velho prédio para a Rua da Praia, no centro da capital dos gaúchos,
por vezes, gerando um ou outro flerte, quase platônico ou talvez homérico. Tudo
em meio ao matraquear das máquinas de datilografia. Textos brilhantes surgindo
de dedos ágeis. Os tempos passaram, os cigarros e os cinzeiros foram banidos,
uma ou outra garrafinha de uísque sumiu das gavetas, o flerte perdeu sutileza
em meio aos terminais de computadores e se impôs um silêncio e uma assepsia
hospitalares. Pois talvez por esta saudade danada – Mario Quintana a um canto,
Alcides Gonzaga em outro nas salas amadeiradas da memória –, o Flávio um dia
resolveu criar a reprodução eletrônica deste ambiente de antanho. E inventou o
programa Flávio Alcaraz Gomes e os
Guerrilheiros da Notícia. Primeiro na TV e depois no rádio.
Pelo espaço do programa, desfilam convidados de opiniões
convergentes e divergentes, parecendo haver certa mistura de curiosidade,
inteligência e racionalidade com pitadas idênticas, por vezes – ora vejam só!
–, de senso comum, um tantinho de burrice e emotividade carregada. À sua mão
direita, está quase sempre Antônio Carlos Baldi, e tantos outros. À esquerda,
Omar Ferri e também tantos outros. Os dois, no entanto, são, de fato, os mais
estridentes do clube inglês do Flávio, sem fleuma, diga-se de passagem, e com,
para alguns, até excesso de entusiasmo. E passam por ali políticos – gente do
PDT, do PMDB, do PT, do PCdoB, do DEM e de tantas siglas –, economistas,
advogados, professores, figuras conhecidas de sempre e os desconhecidos que o
Flávio vai popularizando.
Vez por outra, o Flávio relembra caminhadas pela Porto
Alegre da infância nos anos da Segunda Guerra ou pela Paris dos anos 1950,
reportagens e mais reportagens de fatos que, dos jornais, ganharam as páginas
dos livros de história. E quando dá uma louca no Flávio? Do alto de seus 81
anos completados neste 25 de maio, solta um palavrão discreto, canta um jingle dos tempos de ouro do rádio e
até declama poesias, explorando prodigiosa memória. De segunda a sexta, na
Rádio Pampa, das 8 às 9h, ou na TV Pampa, das 13 às 14h, lá estão ele e o seu
clube inglês.
Acompanhei isso tudo, me divertia e me informava com as discussões bem conduzidas pelo Flávio e seus guerrilheiros, rádio com divertimento, informação e pitadas de cultura. Faz falta alguém assim no rádio hoje
ResponderExcluirGrande Willy, é um espaço que faz imensa falta.
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