Museu do Rádio,
de Daltro D’Arisbo:
o receptor como
atração principal
2015
Paloma Fleck
A história de Daltro com o rádio começou há 30 anos, quando seu irmão trouxe um Hallicrafters S-38, fabricado nos Estados Unidos em 1948, para que fosse consertado. O receptor que pertenceu ao pai deles iria se transformar no primeiro item da coleção.
Quando meu pai era Oficial de Comunicações do Exército, trazia rádios estragados e peças para casa e eu e meu irmão montávamos. Podia funcionar ou não funcionar. Aí eu fiz Engenharia Civil e, depois, fiz Direito. Fiz um concurso para auditor fiscal federal, mas sempre com a cabeça nessas coisas. Até que meu irmão me trouxe um rádio, que foi o primeiro rádio do meu pai e eu consertei.
Eu comecei há 30 anos com uma coleção pequena, uma bobagem. A coisa cresceu. Virou uma coleção de verdade. Eu comecei a pesquisar. Comecei a consertar todos os rádios. Todos os rádios aqui funcionam. Eles não entram aqui se não estiverem funcionando... Pelo menos, pegando a onda média de Porto Alegre, que é o que eu permito para esses velhinhos, que não cobrem mais de 100km, ou 1km em 1 minuto.
Colecionador Daltro D’Arisbo, idealizador do Museu do Rádio
Fonte: Arquivo pessoal
Fonte: Arquivo pessoal
Para quem visita o Museu do Rádio, Daltro explica as particularidades de cada um dos seus aparelhos. É uma verdadeira aula de história da comunicação e da sociedade em si. O colecionador realiza pesquisas aprofundadas acerca de seus aparelhos, trazendo datas de fabricação, curiosidades, funcionalidades e observações sobre sistemas operacionais. Também conta a história – e ele lembra de todas – de como cada objeto foi adquirido para a coleção, seja por compra, por troca ou através de doações. Ao ser perguntado se tem algum rádio preferido, Daltro desconversa:
São como filhos. Não há um preferido. Cada um é diferente. Alguns são especiais pela antiguidade, outros pela beleza.
O rádio mais antigo que possui é, sem dúvida, um dos mais especiais, pelo menos para quem visita o museu. Trata-se de um kit Home Brew do início dos anos 1920. As peças vinham separadas em uma embalagem e cada radiófilo – a palavra da época para os apaixonados pelo novo meio – podia montar seu rádio da maneira como desejasse.
Kit Home Brew
Fonte: Arquivo pessoal
Atento aos detalhes, Daltro é perfeccionista. Autodidata, o colecionador diz que a intenção não é apenas fazer o aparelho funcionar, mas sim conseguir deixá-lo o mais próximo possível da versão original, independentemente do tempo que leve trabalhando na restauração de cada receptor. Daltro, em geral, não conserta rádios que não sejam para sua própria coleção, mas foi na função de restaurador que ele conheceu a família de Milton Ferretti Jung, durante anos a voz do Correspondente Renner, da Guaíba, de Porto Alegre. O colecionador consertou um aparelho muito significativo para a história do rádio: aquele em que Milton, por brincadeira e usando um microfone acoplado ao rádio, fez suas primeiras narrações, descrevendo partidas de futebol de botão. A visita dos Jung foi transmitida por outro Milton, o da segunda geração de jornalistas da família e apresentador da CBN, de São Paulo. Os aparelhos de décadas passadas puderam ser vistos por meio de um dos recursos mais modernos em uso pelas emissoras de rádio: o aplicativo Periscope.
Transmissão da visita da família Jung pelo Periscope de Milton Jung
Fonte: Youtube Milton Jung
Daltro D’Arisbo também montou um estúdio de rádio com equipamentos antigos, maneira de prestar tributo aos profissionais de outras épocas e também à Guaíba, uma de suas emissoras prediletas.
Eu era pequeno e entrava na Rádio Guaíba. Não tinha guarda, não tinha nada e eu ficava olhando. Eu tinha uma compulsão por ficar olhando aquilo que eu ouvia. Eu vi o cara do som numa mesa de áudio grande. Isso, eu tinha 11 ou 12 anos.
Hoje, quem chega no Museu do Rádio encontra um Daltro D’Arisbo disposto a contar muitas histórias sempre com aquele mesmo encantamento do guri de décadas atrás. Para conhecer o acervo deste colecionador, os interessados devem acessar o site do museu: http://www.museudoradio.com/ e enviar uma mensagem pela aba Contato. Via internet, já dá para ter ideia do que espera os visitantes naquele apartamento, onde o aparelho de rádio é o centro de tudo.
Eu era pequeno e entrava na Rádio Guaíba. Não tinha guarda, não tinha nada e eu ficava olhando. Eu tinha uma compulsão por ficar olhando aquilo que eu ouvia. Eu vi o cara do som numa mesa de áudio grande. Isso, eu tinha 11 ou 12 anos.
Hoje, quem chega no Museu do Rádio encontra um Daltro D’Arisbo disposto a contar muitas histórias sempre com aquele mesmo encantamento do guri de décadas atrás. Para conhecer o acervo deste colecionador, os interessados devem acessar o site do museu: http://www.museudoradio.com/ e enviar uma mensagem pela aba Contato. Via internet, já dá para ter ideia do que espera os visitantes naquele apartamento, onde o aparelho de rádio é o centro de tudo.
EU SOU DE "51, MINHA AVÓ ANA TINHA UM RECEPTOR RCA ONDE MUITO OUVÍ A RADIO NACIONAL NAS NOVELAS Á NOITE, ÓBVIAMENTE, PARECE Q FOI ONTEM, HOJE É LAMENTÁVEL NAS ONDAS MÉDIAS. ..MEU PAI TINHA UM ÓTIMO RECEPTOR TELESPARCK...DAÍ VEIO O GOSTO DE RÁDIOS, E ONDE SE TRANSFORMOU MINHA VIDA PROFISSIONAL NAS COMUNICAÇÕES.
ResponderExcluirO ASSUNTO DO "MUSEU DO RADIO" ACREDITO SER ÚNICO NO BRASIL..ESTOU PARABENIZANDO O SR.DALTO D"ARISBO COM O BRILHANTE COLEÇÃO DE RÁDIO, ENVIO FORTE ABRAÇO.....EU SOU DE TORRES/RS..
Agradecemos pela mensagem. A coleção do Daltro é realmente fantástica.
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