Por pouco, as emissoras brasileiras não estariam cheias de “faladores”. Nos primeiros anos do rádio, como tudo era novidade, não havia palavras na Língua Portuguesa para designar algumas funções. Era o caso da relacionada ao anúncio das atrações da programação, que foi, então, denominado com a palavra inglesa speaker.
No início dos anos 1930, um dos primeiros speakers brasileiros – o professor Abílio de Castro, contratado pelo Rádio Clube de Pernambuco em fevereiro de 1926 –, propôs substituir o termo por “locutor”. Em entrevista ao professor e pesquisador de rádio Luiz Maranhão Filho, nos anos 1980, Castro relatou como surgiu a ideia do novo vocábulo:
Há tempo que eu vinha zangado com esse termo speaker. Eu vinha encabulado com ele porque, como estudioso da língua portuguesa, abominava qualquer estrangeirismo. O único que eu admitia era o latim, porque não o considerava estrangeirismo, como não é. É nossa língua mãe. De modo que eu escrevi para alguns colegas da Argentina pedindo que nos programas da América Latina eles empregassem o termo locutor e não speaker. Era uma palavra latina, uma palavra de origem latina, de locur, locus, locutur, loque - de maneira que daí vinha - locutus, locutoris, locutor, quer dizer, aquele que fala, que pronuncia, que se faz compreender. E a Holanda, depois do Rádio Clube, foi a primeira que admitiu o termo locutor. Aqui no Brasil foi onde mais se resistiu. Não quiseram aceitar.
Falador é ele que fala da vida alheia, fala de tudo e de todos.
A polêmica continuou, agregando novas proposições, vindas de diferentes fontes, para substituir o anglicanismo: “elocutor”, “orador”, “falante”, “aulete”, “vozeiro” ou a forma aportuguesada “espíquer”. Mas, no final, o tempo e o uso consagraram a palavra sugerida por Abílio de Castro. O próprio Mario Melo acabaria se dando por vencido, em coluna publicada no Diário de Pernambuco:
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