Quando o jogo acontecia, o narrador acompanhava lance a lance
e o público não ouvia nada
2017
Luiz Artur Ferraretto
Anúncio da Radional (1946)
Fonte: O Estado de São
Paulo, São Paulo: 17 jul. 1946. Recorte sem identificação.
Ao longo dos anos 1950, repetindo o que já ocorria desde a
década anterior, a praticamente nula infraestrutura de telecomunicações do país
só complicava as transmissões esportivas de longa distância. A irradiação de um
jogo no interior gaúcho, embora audível, incluía um nível exagerado de ruído
provocado pelas precárias e escassas linhas telefônicas da época. O problema
aumentava nas coberturas fora do Rio Grande do Sul, dependentes dos serviços da
Companhia Rádio Internacional do Brasil (Radional), controlada pela estadunidense
International Telegraph and Telephone Company (ITT) e responsável pelos
serviços de telefonia interurbana.
Com equipamentos obsoletos e sem manutenção adequada, a rede
de transmissores e receptores da empresa interligava as capitais estaduais ao
Rio de Janeiro, acarretando situações esdrúxulas mesmo para os padrões de
então. Por exemplo, não havia conexão direta de Florianópolis para Porto
Alegre, obrigando à contratação de um circuito radiotelefônico de Santa
Catarina à sede carioca da Radional e, de lá, outro até o Rio Grande do Sul.
Sem retorno de áudio dos estúdios da emissora, ao narrador restava esperar o
telegrama confirmando ou não o sucesso da transmissão. Em outras palavras, o
profissional de microfone narrava, narrava e narrava, mas, não raro, ninguém
ouvia a jornada esportiva, substituída, quase sempre, apressadamente por discos
e mais discos com música.
Este quadro só iria se alterar após a criação da Empresa
Brasileira de Telecomunicações (Embratel), em 1965, e a integração do país, quatro
anos depois, aos satélites do International Telecommunications Satellite
Consortium (Intelsat).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Em breve, estaremos analisando a sua postagem. Grato pela colaboração.