Qual a essência do jornalismo?
29 de julho de 2016
Luiz Artur Ferraretto
Confesso que ando meio de saco cheio de duas posturas
antagônicas frequentemente manifestadas por alguns jornalistas. Uma é aquela
relacionada a certo saudosismo pessimista a negar as mudanças ocorridas nos
últimos 40 anos. Pode ser identificada por algumas palavras que introduzem
argumentos irreais, embora cheios de boas intenções: “No meu tempo...”. Outra
aparece no deslumbramento com a tecnologia e, em geral, possui um texto pronto:
“Quem não se adaptar...”.
A respeito de ambas gostaria de voltar no tempo. A máquina
de escrever e a rotativa foram tecnologias inovadoras na virada do século 19
para o 20? Garantiram uma maior qualidade para o jornalismo? Sim e não.
Independentemente de recorrer ao lápis, à pena, à caneta tinteiro ou à máquina
de escrever, seguiu como um bom profissional aquele que, ao sentir o ritmo do
seu tempo e de seu entorno, soube identificar boas pautas e traduzi-las em
textos interessantes para o público. Aliás, o jornalismo brasileiro só
começaria a abandonar a literatice – mistura de pretensão literária com chatice
– nos anos 1950.
Pois é, na atual encruzilhada da mídia, o caminho –
desculpem-me os deslumbrados com a tecnologia
– passa por jornalistas com domínio sobre a apuração e a produção de conteúdo.
O resto são apenas traquitanas tecnológicas. Por mais importantes que sejam,
ainda dependem da qualidade de quem as utiliza. E esta qualidade passa por
saber apurar bem e saber escrever bem.
Aliás, a respeito da máquina de escrever, ouvi várias vezes
como era importante a datilografia com os cinco dedos de cada mão. Quase sofri bullying na universidade. Três décadas
mais tarde, sigo dedografando tudo... Em computadores, tablets, celulares e, se
pintar pela frente, em – Que
saudades! – uma máquina de escrever.
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