Fidelização
por redes sociais
2011
Luiz Artur Ferraretto
FERRARETTO,
Luiz Artur. Fidelização por redes sociais. Rádio
e Negócios, São Paulo, n. 4, p. 29, 2011.
Qual
o produto do rádio na web? Na tentativa de responder a esta pergunta, começo
com uma referência ao pensamento acadêmico, aquele das teses, dissertações,
monografias e artigos produzidos em torno das universidades. É só um
instantinho e você vai entender o porquê disto.
Com precisão, o professor canadense Dallas Smythe deu, em 1977, uma lição, em parte, desconsiderada, neste início de século, pelas emissoras que utilizam a rede mundial de computadores como suporte de transmissão. No artigo Communications: Blindspot of Western Marxism, o então docente da Simon Fraser University pergunta: “Que é o que compram os anunciantes com seus gastos em publicidade?”. A resposta vem em seguida com uma simplicidade fantástica: é a audiência esta mercadoria vendida aos anunciantes. Claro que ter ouvintes depende de uma programação pensada e estabelecida de forma a atraí-los. E é claro também que qualquer contato comercial sabe disto. O problema reside em reduzir a audiência a um número, a uma estatística.
Temos
dois fatores importantes. De um lado, sem conteúdo nada feito. De outro, sem público
a emissora como negócio deixa de existir. E as estações tradicionais que fazem
da web uma espécie de canal substituto das antigas ondas curtas? E as novas web
rádios, estas pensadas exclusivamente para operar no mundo dos bits e dos
bytes? Há pelo menos dois anos, levantamentos do Comitê Gestor da Internet
registram que em torno de 40% das pessoas conectadas ouvem emissoras on-line
enquanto trafegam entre sites, leem blogs, baixam conteúdo ou respondem
e-mails. No entanto, ninguém conseguiu ainda lucrar efetivamente com isto.
Ainda
na fase do rádio apenas hertziano, muitos gestores não chegaram a ter
consciência do que vendiam. Tinham até a certeza de que seu produto era o
conteúdo. Certeza facilmente derrubada ao se constatar que um programa é mais caro
para o anunciante do que o outro em função da quantidade dos ouvintes, embora
dados qualitativos também interfiram. Para piorar, conscientes ou não do papel
econômico do ouvinte neste processo, consideravam o público como um ente
passivo. Exemplos não faltam. Dá-lhe Top 40 ou Top 100, quase impingindo um
gosto musical ao sujeito. Veio o download
de música, quebrando este processo histórico que alinhava as emissoras e a
indústria fonográfica em um mesmo bloco.
Hoje,
ter consciência desta importância transcendental do ouvinte não significa
reduzi-lo a um número. Aliás, é uma ideia absurda em qualquer tempo. Vive-se em
uma sociedade – sempre vale lembrar – com uma Constituição em vigor desde 1988
e que foi chamada de “cidadã” na época. Nestes 22, 23 anos, cidadania tornou-se
palavra e conceito absorvidos pela sociedade. Neste período, o ouvinte passou a
se posicionar como um cidadão que quer participar. Este é o segredo das redes
sociais e elas o segredo da fidelização do público para além do conteúdo irradiado
a cada instante. No rádio sob a vigência da internet, manter anunciantes passa,
com certeza, por aí. Quantidade de internautas ativos nas diversas redes
estabelecidas via web pela emissora significa público fidelizado, algo que
interessa aos anunciantes. Agora, que ninguém se engane, é um quantitativo de
maior qualidade, que não aceita imposições tão passivamente como em outras
épocas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Em breve, estaremos analisando a sua postagem. Grato pela colaboração.