A fotocopiadora radiofônica pifou!
24 de outubro de 2016
Luiz Artur Ferraretto
Chacrinha era um cara genial. É dele uma frase básica para
entender a mídia do final do século passado: “Em comunicação, nada se cria e
tudo se copia”. Curiosamente, o Velho Guerreiro devia o início exitoso de sua
carreira ao fato de ter assumido postura diametralmente oposta. No rádio,
quando todos os programas de fim de noite deviam ser calmos e tranquilizadores,
o ainda Abelardo Barbosa resolveu fazer as pessoas ficarem acordadas. Essa
coisa do fazer diferente constitui-se em uma lição que deveria ser recuperada
por muitos gestores.
Tem gente que faz rádio da mesma maneira desde a década de
1970. Se a concorrente lidera, copia a programação dela. Na primeira
oportunidade, inclusive, contrata profissionais descartados pela primeira
colocada em audiência no segmento. E o sujeito, fazendo o mesmo que antes,
transfere-se para a sua nova casa. A ideia de se diferenciar passa longe destes
gestores. Investir em uma equipe nova e motivada nem pensar.
Imagine se, em rádio, fossem cobrados direitos por formatos
de programas. Quantos processos o pessoal do Pânico, da Jovem Pan, ganharia? No
Rio Grande do Sul, Cândido Norberto teria ficado rico com a quantidade de
cópias de seu Sala de Redação. O mesmo aconteceria, em relação a diversos
programas por eles idealizados, com profissionais como Flávio Alcaraz Gomes e
Luiz Figueredo, notórios inventores de atrações jornalísticas.
Na multiplicidade de conteúdos de hoje, o que faz a
diferença é fazer diferente. Criatividade e conhecimento deveriam andar de mãos
dadas. No entanto, não bastam por si. Quem ignora os princípios básicos do meio
rádio e o mercado no qual atua tende a seguir mesmo insistindo com a velha
fotocopiadora pifada. Deveria aposentá-la. Na segunda década do século 21, o
lema parece ser mesmo cada vez mais: “Em comunicação, tudo se cria ou se
transforma. Nada se copia.”.
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